Por Phil Stewart e Robin Emmott
BRUXELAS, 16 Fev (Reuters) - O secretário de Defesa dos Estados Unidos alertou os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) na quarta-feira que têm de honrar as promessas de gastos militares para que os EUA não "moderem" o seu apoio à entidade.
Na sua viagem inaugural a Bruxelas como chefe do Pentágono, Jim Mattis também acusou algumas nações de ignorarem ameaças, inclusive da Rússia.
"A América não pode importar-se mais com a segurança futura de seus filhos do que vocês", disse Mattis à porta fechada aos ministros da Defesa da NATO, de acordo com comentários preparados entregue aos repórteres.
Mattis disse que investir na defesa comum é vital devido aos desafios que emergiram desde 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia e o Estado Islâmico emergiu como uma ameaça na fronteira sul da Turquia, país-membro da NATO.
O presidente norte-americano, Donald Trump, foi um crítico feroz da aliança durante a campanha eleitoral, deixando os aliados europeus dos EUA apreensivos ao classificar a NATO de obsoleta e elogiar o presidente russo, Vladimir Putin.
Mas desde então Trump disse apoiar firmemente a NATO, comentários ecoados por Mattis na sede da entidade. O secretário classificou-a como "a aliança militar mais bem-sucedida e poderosa da história moderna".
Mattis, entretanto, insinuou que o auxílio norte-americano não deveria ser visto como algo garantido.
"Devo ser claro convosco sobre a realidade política dos Estados Unidos, e expressar a exigência justa do povo do meu país em termos concretos", disse.
"A América irá cumprir as suas responsabilidades, mas se as vossas nações não quiserem ver a América moderar o seu comprometimento com a aliança, cada uma das vossas capitais tem de mostrar apoio na nossa defesa comum."
O titular da Defesa dos EUA não chegou a emitir um ultimato explícito ou dizer como Washington pode moderar o seu apoio. Há anos os EUA vêm pedindo que os seus parceiros europeus gastem 2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) com a defesa, afirmou.
Itália e Espanha, duas das maiores economias da Europa, gastam apenas cerca de 1 por cento do PIB em defesa, quando os dois países visam reduzir os déficits orçamentais que se seguiram à crise financeira global de 2008/2009.
Acrescentou que os aliados da NATO têm de mostrar progressos em 2017 e adoptar um plano, com prazos, para o investimento na área da defesa.
Após o discurso, o secretário de Defesa britânico, Michael Fallon, disse que Mattis explicou que "a impaciência do contribuinte norte-americano é uma realidade".
(Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)