Por Christine Kim e David Brunnstrom
SEUL, 14 Jun (Reuters) - Sanções duras continuarão sobre a Coreia do Norte até a completa desnuclearização do país, afirmou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, nesta quinta-feira, aparentemente contradizendo a visão dos norte-coreanos de que o processo acertado na reunião desta semana seria gradual e recíproco.
O presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, emitiram um comunicado conjunto após a reunião em Singapura que reafirmou o comprometimento do Norte a "trabalhar em direção à desnuclearização total da península da Coreia", enquanto Trump "se comprometeu a providenciar garantias de Segurança".
Trump depois disse em conferência de imprensa que não faria mais exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul.
"O presidente Trump tem sido incrivelmente claro sobre a sequência da desnuclearização e libertação das sanções", disse o secretário de Estado dos EUA aos jornalistas depois de se encontrar com o presidente da Coreia do Sul e com o ministro das Relações Exteriores do Japão em Seul.
"Conseguiremos a desnuclearização completa; então haverá libertação das sanções", disse.
A imprensa estatal norte-coreana reportou na quarta-feira que Kim e Trump haviam reconhecido o princípio do "passo a passo e de acção simultânea" para atingir a paz e a desnuclearização da península coreana.
O comunicado da reunião não deu detalhes sobre quando a Coreia do Norte abriria mão do seu programa de armas nucleares ou sobre como o desmantelamento poderia ser verificado.
Alguns cépticos sobre o quanto realmente a cimeira conseguiu apontaram para a visão da liderança norte-coreana de que as armas nucleares são um bastião contra os temores de que existam planos dos Estados Unidos para tomar o poder e unir a península coreana.
Entretanto, o presidente sul-coreano Moon Jae-In disse que o mundo, através da conferência, havia escapado à ameaça de guerra, ressoando a avaliação optimista de Trump sobre o seu encontro com Kim.
"O importante é que as pessoas do mundo, incluindo as dos Estados Unidos, Japão e Coreias, puderam escapar a ameaça de guerra, das armas nucleares e dos mísseis", disse Moon a Pompeo.
Pompeo insistiu que a Coreia do Norte estaria comprometida a ceder o seu arsenal nuclear mas disse que seria "um processo, e não um processo fácil".
Kim entendeu que abrir mão do seu arsenal nuclear tem de acontecer rapidamente e que haveria a suspensão das sanções da ONU sobre a Coreia do Norte apenas depois de sua "desnuclearização completa", disse Pompeo.
Moon disse depois que a Coreia do Sul seria flexível em relação à pressão militar sobre a Coreia do Norte, se os seus líderes estiverem a ser sinceros sobre a desnuclearização.
Também nesta quinta-feira, as Coreias do Norte e do Sul mantiveram as suas primeiras negociações militares em mais de uma década. As conversas seguem uma reunião inter-coreana em abril, na qual Moon e Kim concordaram em diminuir tensões e cessar "actos hostis".
(Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)