Por Phil Stewart e Robin Emmott
BRUXELAS, 16 Fev (Reuters) - O secretário da Defesa dos Estados Unidos disse esta quinta-feira que não vê possibilidade de colaboração militar com a Rússia, um golpe para as esperanças russas de retomar os laços com os EUA após a eleição de Donald Trump.
Os comentários são talvez a indicação mais forte do Governo Trump até agora de que as perspectivas para uma cooperação significativa entre militares norte-americanos e russos contra o Estado Islâmico na Síria é improvável no curto prazo.
Durante a campanha eleitoral, Trump sugeriu repetidas vezes a possibilidade de uma acção conjunta contra militantes do Estado islâmico.
"Não estamos numa posição, neste momento, para colaborar na área militar. Mas, os nossos líderes políticos vão empenhar-se e tentar encontrar um senso comum", disse Jim Mattis aos repórteres após conversas na sede da NATO, em Bruxelas, mencionando também preocupações dos EUA com a interferência russa em eleições democráticas.
Perguntado se acredita na interferência da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas, Mattis disse: "neste momento, eu só digo que há muito pouca dúvida de que ou eles interferiram ou tentaram interferir num número de eleições nas democracias". Mas, não citou explicitamente as eleições norte-americanas.
Os comentários de Mattis ocorrem pouco depois do ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, expressar a disponibilidade para retomar a cooperação com o Pentágono e no mesmo dia em que o presidente russo, Vladimir Putin, disse ser do interesse dos dois países restaurar comunicações entre agências da inteligência.
"É do interesse de todos retomar diálogos entre as agências da inteligência dos Estados Unidos e outros membros da NATO", disse Putin, falando ao Serviço de Segurança Federal da Rússia".
"É absolutamente claro que nesta área de anti-terrorismo todos os Governos e grupos internacionais relevantes devem trabalhar juntos".
Mattis disse durante a sessão à porta fechada da NATO na quarta-feira que a aliança precisa de ser realista sobre as chances de retomar uma relação cooperativa com Moscovo e garantir que os seus diplomatas possam "negociar em posição de força", enquanto pediu um aumento dos gastos militares aos aliados.
Os comentários geraram uma resposta do ministro russo Sergei Shoigu. "Tentativas de construir um diálogo com a Rússia a partir de uma posição de força serão fúteis", disse Shoigu, segundo a agência de notícias Tass.
Mattis respondeu: "Não tenho necessidade alguma de responder ao comunicado russo. A NATO sempre apoiou a força militar e a proteção das democracias e as liberdades que queremos passar para nossas crianças". (Traduzido para português Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)