O período mais desfavorável aos mercados de ações observado desde o nosso comentário anterior revelou-se um suporte aos mercados de dívida de governos na área do euro, ao longo de uma semana que mostrou-se exigente em termos de novas colocações em mercado primário. Na periferia, Portugal voltou a destacar-se face a Espanha e Itália, não obstante a estimativa rápida do INE para o crescimento do PIB em volume referente ao 3º trimestre de 2017 ter ficado aquém do esperado (+0,5% vs. +0,3%), o que não ocontecia desde o 2º trimestre de 2015.
Mesmo nos EUA, a evolução da yield a 10 anos permaneceu bastante contida, apesar de os dados económicos divulgados continuarem a apontar para uma evolução sólida da economia no último trimestre de 2017, e não obstante a taxa de variação homóloga do índice de preços no consumo, depois de excluir alimentação e energia, ter registado uma aceleração na sua leitura de outubro, o que não acontecia desde janeiro. Uma subida adicional de 25 pontos de base na fed funds rate continua a ser esperada para a reunião de dezembro do Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA. Vemos riscos de serem observados níveis mais elevados para a yield a 10 anos do Tesouro dos EUA (o que acabaria por também ter reflexos na área do euro, tendo em conta que o spread face à Alemanha tem vindo novamente a aumentar nos últimos meses), mas a atenção, para já, permanece no processo de aprovação do plano fiscal.
A próxima semana será marcada pelo Dia de Ação de Graças nos EUA (quinta-feira), pelo que não será provavelmente de esperar muitas alterações para as próximas sessões. Em termos de calendário, teremos a divulgação das minutas das últimas reuniões do Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA (quarta-feira) e do Banco Central Europeu (quinta-feira), assim como a divulgação de indicadores de sentimento referentes ao mês de novembro: a leitura preliminar dos índices PMI da IHS Markit (quinta-feira na área do euro e sexta-feira nos EUA), e o índice do instituto alemão Ifo (sexta-feira). Em Portugal, o Banco de Portugal divulga hoje a leitura dos seus indicadores avançados para o mês de outubro, o que poderá dar uma indicação sobre a forma como a economia portuguesa iniciou o último trimestre de 2017.