Os últimos dois dias mostraram uma reversão do movimento de descida das yields nas obrigações de governos da área do euro e estreitamente dos spreads na periferia observado desde a reunião de outubro do Banco Central Europeu, mas beneficiando também de um fluxo de notícias favorável: redução dos riscos em torno da Catalunha, revisão em alta do rating de Itália por parte da Standard & Poor's e resultado das eleições na Sicília. Para esta reversão poderá ter contribuído a subida na cotação do petróleo (40% desde o mínimo de junho), mas também notícias em como Benoît Coeuré, Jens Weidmann e François Villeroy de Galhau defenderam na última reunião do Banco Central Europeu alterar o compromisso de continuar o programa APP até que sejam visíveis sinais de um ajuste sustentável da inflação compatível com a meta do Banco (preferindo manter esse mesmo compromisso para a política monetária como um todo e não apenas para o programa QE).
De qualquer forma, a reversão traduzirá principalmente a dimensão do movimento observado nas últimas semanas. O período sazonalmentente favorável para os ativos de risco que representa o final do ano e a esperada antecipação das compras pelo programa APP antes do início do período de redução na liquidez deverão, mesmo assim, manter o ambiente favorável a estratégias de carry e procura de yield, deixando provavelmente para o início do próximo ano as preocupações com as eleições em Itália e com o impacto da redução no ritmo mensal de compras por parte parte do Banco Central Europeu, num contexto macro que permanece bastante sólido na área do euro.
O calendário da próxima semana mostra-nos a divulgação da estimativa rápida do INE para o crescimento do PIB da economia portuguesa durante o 3º trimestre de 2017 (terça-feira). Mais interessante poderá ser a divulgação da leitura de outubro para o índice de preços no consumo nos EUA (quarta-feira), no que se refere ao impacto que poderá ter (1) na próxima reunião do Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA (dias 12 e 13 de dezembro), num momento em que o mercado incorpora em mais de 90% uma subida de 25 pontos de base na fed funds rate e (2) na evolução dos mercados de obrigações de dívida soberana na área do euro e nos EUA até ao final do ano.
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