A reação dos mercados ao final da reunião de janeiro mostra bem a difícil tarefa que o Banco Central Europeu tem pela frente, à medida que continua a ajustar a sua política de comunicação. As palavras de Mario Draghi sugerem que o Banco não considera justificada a revisão em alta das expectativas do mercado para as taxas de juro (após o que foi considerado uma reação excessiva às minutas de dezembro...). Aliás, Mario Draghi voltou a relembrar o forward guidance no que se refere à subida de taxas apenas bem depois do final do período de compras em termos líquidos do programa APP. Mesmo assim, foi reconhecido que a economia surpreendeu pela positiva o Conselho de Governadores. A reunião de 8 de março, com a revisão das previsões macro por parte do staff do Banco Central Europeu, deverá conduzir, pelo menos, ao início da discussão quanto a uma revisão do forward guidance (incluindo o futuro do programa APP), mas continuamos essencialmente na presença de um Banco Central Europeu que pretende ver sinais de subida na inflação... A evolução do euro deverá manter-se um ponto de atenção.
A próxima semana será bastante preenchida em termos de calendário económico, incluindo a divulgação do relatório de emprego nos EUA para janeiro (sexta-feira). Tendo em conta a evolução das yields na Alemanha e nos EUA, importante poderá ser a divulgação dos dados da inflação nos EUA (PCE Deflator na segunda-feira) e na área do euro (índice harmonizado de preços no consumo na quarta-feira). Na quarta-feira termina também a primeira reunião de 2018 do Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA, num momento em que o mercado espera já uma subida de 25 pontos de base na fed funds rate para a reunião de março. Para além de reconhecer a evolução favorável da economia, o Comunicado não irá provavelmente alterar as expectativas atuais para a evolução das taxas ao longo do ano.
Não obstante a subida nas yields na Alemanha e nos EUA, e as emissões em mercados primário que marcaram este início de ano, os spreads de Portugal, Espanha e Itália continuaram a apresentar uma evolução favorável. Este comportamento relembra a importância do atual forte enquadramento económico para a perceção do risco de crédito, aliás também visível na tendência de revisão em alta das notações por parte das agências de rating ao longo dos últimos meses. A esse propósito, a leitura preliminar de janeiro do índice PMI composto da IHS Markit atingiu o valor mais elevado em quase 12 anos na área do euro...
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