1. O conceito e a indústria
A palavra metaverso entrou no nosso vocabulário de forma repentina e instantânea. Provavelmente, a mudança de nome da Facebook para Meta, com a ideia subjacente de que o futuro da internet é o metaverso tenha sido o evento, que deu maior relevância e mediatismo ao termo, tornando a palavra metaverso num vocábulo cada vez mais em moda.
Contudo, o conceito e a palavra já existem desde o início dos anos 90, quando Neal Stephenson o utilizou, pela primeira vez, no seu livro Snow Crash, caracterizando-o como um universo criado por computador.
Second Life ou Habbo Hotel não são aplicações desconhecidas e estas duas plataformas são consideradas os percursores do metaverso.
A evolução tecnológica e computacional, bem como das comunicações permite, na atualidade, todo um conjunto de funcionalidades e aplicações capazes de criar um envolvimento muito mais imersivo para o utilizador em ambientes virtuais.
A pandemia de 2020 levou a que a realidade online fosse disseminada e utilizada, em larga escala, como forma de comunicação à distância e ferramenta de trabalho, abrindo, assim, uma maior adesão a uma realidade mais virtual. Acredita-se que esta nova vivência digital, provavelmente, irá catapultar em definitivo a afirmação do metaverso na nossa sociedade.
As grandes empresas tecnológicas estão a dar passos nesse sentido e o foco está a ser cada vez maior na criação de sistemas, plataformas, aplicações e dispositivos centrados no metaverso.
O exemplo da Meta, ex-Facebook, foi o mais divulgado, dada a mudança radical do nome da empresa e o lançamento, quase em simultâneo, da sua nova aplicação Horizons World para utilizadores dos Estados Unidos da América e Canadá, outra meta atingida pelo gigante americano. A Microsoft, por seu lado, está a desenvolver um metaverso mais vocacionado para a área empresarial. Fortnite, Minecraft e Roblox são outros exemplos de aplicações interativas com capacidades de socialização e construção/criação no metaverso, acreditando-se mesmo que a Roblox, onde até a Gucci tem o seu próprio espaço virtual, seja uma das mais poderosas no futuro.
Outros exemplos da expansão do metaverso são os Non Fungible Tokens (NFT), criptomoedas e tokens de empresas centradas neste conceito. Igualmente, toda uma indústria focada nos componentes físicos, na computação distribuída, no armazenamento e funcionamento na nuvem, criação e desenvolvimento gráfico para Realidade Virtual e Realidade Aumentada, entre outras, confluem no sentido desta nova área do desenvolvimento e, consequentemente, de investimento.
2. As estatísticas
Até ao momento, estima-se que o investimento no metaverso, por parte da Meta, tenha ultrapassado os 10 mil milhões de dólares americanos. Para além do investimento, a criação de empregos relacionados com esta área nos próximos anos é uma realidade.
Prevê-se que até 2024, o valor global do mercado do metaverso poderá vir a ser de 800 mil milhões de dólares americanos, segundo a Bloomberg Intelligence.
Por outro lado, a indústria dos videojogos é, igualmente, detentora de números consideráveis. 160 mil milhões de dólares americanos foi o montante de receitas em 2020. O valor previsto para 2025 será de 400 mil milhões de dólares americanos.
A publicidade nos videojogos rendeu mais de 3 mil milhões de dólares americanos em 2020. Esta indústria, pelas suas características, é parte integrante do metaverso, salientando ainda mais o seu potencial, como oportunidade de investimento. Ressalva-se, contudo, que uma análise profunda e uma correta adaptação ao perfil de investidor, objetivos e estratégias de investimento permitem uma menos arriscada aplicação de fundos numa área nova, mas que a médio-longo prazo poderá trazer bons resultados.
3. As oportunidades de investimento
São várias as empresas ligadas a este novo conceito de vivência e socialização virtual. Estas, após um estudo pormenorizado e uma apreciação profunda podem conferir boas oportunidades de investimento, de acordo com o perfil do investidor, objetivo e estratégia de investimento.
Não devendo ser tido como aconselhamento financeiro e/ou incentivo ao investimento, apresentam-se, de um modo muito resumido e sintético, nesta secção do documento algumas das empresas que, no meu entendimento, podem ser tidas como potenciais opções de investimento neste novo conceito digital.
Meta Platforms, Inc. (NASDAQ:FB) e Microsoft Corporation (NASDAQ:MSFT) dispensam qualquer apresentação, pois os seus números falam por si, pelo que não me alongarei nestes dois gigantes americanos. Salienta-se o facto de ambas as empresas apresentarem uma margem de lucro superior a 35% e um valor de P/E superior a 23.
Autodesk, Inc. (NASDAQ:ADSK) é uma empresa americana com mais de 11.000 funcionários. O AutoCAD é um dos seus softwares mais conhecidos a par do 3Ds Max. Ambos os programas estão focados na área da arquitetura e design gráfico 2D e 3D, passíveis de utilização e aplicação no desenvolvimento de ambientes e elementos no metaverso. A empresa tem uma margem de lucro superior a 30% e um crescimento de receita trimestral superior a 18%. Apresenta um P/E superior a 45 e um EPS superior a 5.
Unity Software Inc. (NYSE:U) é uma das maiores empresas de criação de software vocacionado para designers de jogos e criação de mundos 3D. Com sede em São Francisco, assume que 71% dos principais 1.000 jogos para dispositivos móveis foram criados utilizando a plataforma Unity. O seu modelo de Software as a Service (SaaS) permite valores de crescimento de receita trimestral superior a 40% e um P/V superior a 39. Salienta-se o facto desta empresa, atualmente, ainda não ser lucrativa.
Roblox Corporation (NYSE:RBLX), aparentemente, é um videojogo bastante popular, contando com mais de 43 milhões de utilizadores. Porém, este conceito de jogo é complexo, pois a Roblox apoia-se em developers externos que criam conteúdos para os seus utilizadores. A empresa gera receita, não só mas também, através da venda da sua moeda digital a qual, posteriormente, é aplicada pelos utilizadores na aquisição de experiências e objetos virtuais para os seus avatars. A empresa apresenta números extraordinários, nomeadamente, um crescimento da receita trimestral superior a 102% e um lucro bruto nos últimos 12 meses superior a 90 milhões de dólares americanos.
NVIDIA Corporation (NASDAQ:NVDA) dispensa apresentação, estando classificada como uma das melhores ações de semicondutores para comprar com foco no longo prazo. Os chipsets da NVDA encontram-se presentes na composição de vários servidores e computadores centralizados, sendo fundamentais para a execução de cálculos de grande complexidade. Salientam-se as plataformas de computação de ponta administradas por empresas como a Fastly. É neste contexto que a Nvidia se apresenta como uma potencial grande vencedora da revolução do metaverso. A empresa norte americana conta com mais de 18.000 funcionários e apresenta um P/E superior a 86 e um EPS superior a 3.2.
Fastly, Inc. (NYSE:FSLY) é uma empresa dos Estados Unidos da América com mais de 990 funcionários e que opera uma plataforma de infraestrutura de computação de ponta. Assume a capacidade de movimentação de mais de 140 terabytes de dados por segundo, ajudando a reduzir o tempo de espera e latência dos sistemas. As suas receitas têm vindo a aumentar e o crescimento trimestral a ultrapassar os 22%.
Para o investidor, cuja opção não é a escolha e análise de ações individuais de empresas e que adota uma preferência pelos Exchange Traded Funds (ETFs) tem no, recentemente criado, Roundhill Ball Metaverse ETF (NYSE:META) (US53656F4173) uma alternativa. Este apresenta um Total Expense Ratio de 0,75% e tem as empresas acima referidas como top holdings, destacando-se as suas 6 maiores holdings descritas, sumariamente, neste artigo.
4. Conclusão
Um novo conceito de socialização, interação e participação virtual, no qual o universo físico se converte num espaço virtual está agora em voga – o metaverso. Embora o termo tenha já uma história de vida considerável, apenas recentemente conheceu a sua expansão e disseminação.
Cada vez mais empresas investem numa nova forma de aproximação das pessoas no mundo virtual, as quais pelas suas características, modelo de negócio e participação no mercado constituem oportunidades de investimento numa área nova e com previsão de desenvolvimento e crescimento num futuro próximo.
Investir através de ETFs ou ações individuais de empresas focadas e vocacionadas para o metaverso poderá dar resultados interessantes e retorno considerável a médio e longo prazo. Porém, a análise, estudo e avaliação corretas da oportunidade de investimento são fundamentais para um melhor enquadramento no perfil do investidor, objetivo e estratégia de investimento.