LISBOA, 4 Set (Reuters) - O Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal deverá abrandar nos próximos trimestres, acompanhando a tendência europeia, com os baixos níveis de produtividade a prejudicar o crescimento económico do país, segundo a nota de conjuntura de Agosto, do Fórum para a Competividade.
"Há perspectivas de abrandamento nos trimestres seguintes, o que é, de resto, a tendência genérica em curso, não só na economia portuguesa, mas também europeia", disse o Fórum para a Competividade, numa nota.
No segundo trimestre, o PIB de Portugal cresceu 2,3 pct, em termos homólogos, acima dos 2,2 pct revistos em alta para a Zona Euro, que apresentou um declínio face ao crescimento de 2,5 pct no primeiro trimestre.
O Executivo prevê que Portugal cresça 2,3 pct em 2018, após ter crescido 2,7 pct em 2017 - o ritmo mais forte em 17 anos.
O Fórum para a Competividade adiantou que "há um aspecto um pouco preocupante nos dados (relativos ao PIB), que é que quase 0,7 pontos percentuais do crescimento se devem a acumulação de existências ('stocks'), o que terá acontecido de forma provavelmente involuntária".
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados na última sexta-feira, o investimento total aumentou 4,7 pct, face aos 1,5 pct no trimestre anterior, em resultado de um contributo da variação de existências de quase 0,7 pontos percentuais para o PIB.
BAIXA PRODUTIVIDADE
O Fórum para a Competividade alertou ainda para a baixa produtividade do país, quando comparado com os restantes países da Zona Euro e adiantou que "Portugal tem exibido o quarto pior crescimento da produtividade da UE no período entre 2000 e 2017".
Nesse período, a produtividade de Portugal sitou-se nos 12,9 pct, apenas à frente de Espanha, Chipre e Grécia. A média anual é de 0,7 pct. Roménia e Lituânia lideram a tabela com uma produvitidade média de 5,3 e 4,2 pct, respectivamente.
"É perfeitamente possível, ter crescimentos da produtividade entre 2 pct e 3 pct no nosso estádio de desenvolvimento e a pertença ao euro não pode servir de qualquer desculpa, porque dos países da tabela, já pertencem à moeda única", adiantou.
Concluiu que "se tivéssemos um crescimento da produtividade em linha com muitos dos nossos parceiros comunitários, o PIB deveria estar a crescer entre 4 pct e 5 pct".
(Por Gonçalo Almeida Editado por Patricia Vicente Rua)