(Texto atualizado com mais informações)
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO, 3 Abr (Reuters) - O dólar se aproximava de 5,30 reais na manhã desta sexta-feira, caminhando para fechar sua sétima semana consecutiva de ganhos em meio à cautela generalizada após os casos de coronavírus no mundo superarem 1 milhão, com dados sobre o emprego nos Estados Unidos destacando o impacto econômico da pandemia.
Às 10:24, o dólar BRBY avançava 0,54%, a 5,2947 reais na venda.
No pico do pregão, a moeda norte-americana spot bateu 5,2990 reais, nova máxima histórica intradia.
O dólar futuro de maior liquidez DOLc1 superou a marca de 5,30, e subia 0,72%, a 5,305 reais.
Os casos globais de coronavírus ultrapassaram 1 milhão na quinta-feira, com mais de 52 mil mortes, uma vez que a pandemia explodiu nos Estados Unidos e o número de mortos avançou na Espanha e na Itália, de acordo com dados da Reuters.
O impacto econômico de tamanha disseminação continuava assustando os mercados, principalmente após dados norte-americanos praticamente confirmarem uma recessão na maior potência do mundo.
Nesta sexta-feira, o Departamento do Trabalho dos EUA disse que os empregadores do país cortaram 701 mil empregos no mês passado, depois de criarem 275 mil postos de trabalho em fevereiro. A taxa de desemprego disparou de 3,5% para 4,4%. Estados Unidos cortaram 701 mil empregos em março, evidenciando os primeiros efeitos do coronavírus no mercado de trabalho americano(...) Aqui, o reflexo foi imediato com o dólar comercial subindo fortemente", explicou em nota Jefferson Rugik, da Correparti Corretora.
"O coronavírus segue assolando o globo, e, dentre os países afetados, neste momento os EUA são o que está em evidência, acrescentou Ricardo Gomes da Silva Filho, também da Correparti.
O pessimismo era visível nos mercados internacionais, com o dólar ganhando até mais de 1% contra lira turca TRY= , peso mexicano MXN= , rand sul-africano ZAR= e dólar australiano AUD= , moedas arriscadas pares do real.
Entre analistas, não há expectativa de melhora do cenário tão cedo, o que pode continuar pressiondo divisas emergentes, como o real.
Em nota, a Infinity Asset disse que "o problema continua a ser a ausência de um espectro temporal, pois a restrição à demanda pela paralisação se une ao temor pela perda de emprego e renda, os quais se convertem em adicionais restrições à demanda, piorando a atividade econômica como um todo".
"O quanto mais avançar tal cenário, mais se aprofundará a recessão e mais difícil será sua saída. Tal discussão só conseguirá ganhar corpo nas próximas semanas, com a possível redução do pico de casos nos EUA e Europa."
Só em 2020, o dólar já acumula alta de mais de 30% contra a moeda brasileira. Apesar de a crise de saúde ser fator importante para essa valorização, analistas apontam a falta de fluxo estrangeiro nos mercados brasileiros como uma pressão adicional sobre o real.
O atual patamar da Selic, em mínima histórica de 3,75%, colabora para a redução do investimento vindo do exterior, uma vez que reduz rendimentos atrelados à taxa básica de juros, tornando alguns ativos brasileiros menos atraentes.
O dólar interbancário teve variação positiva de 0,09% na quinta-feira, a 5,2661 reais na venda. Durante os negócios, foi à máxima de 5,2860 reais.
Nesta sessão, o Banco Central realizará leilão de até 10 mil swaps cambiais tradicionais com vencimento em outubro de 2020 e janeiro de 2021, para rolagem de contratos já existentes. de Camila Moreira)