(Texto atualizado com mais informações)
Por José de Castro
SÃO PAULO, 18 Nov (Reuters) - O dólar não sustentou a firme queda de mais cedo e fechou em ligeira alta contra o real nesta quarta-feira, em sintonia com a piora do sentimento de risco de investidores no exterior conforme a disparada de casos de Covid-19 nos Estados Unidos e altos números na Europa elevam receios sobre impactos econômicos da pandemia.
Os mercados mostraram deterioração no fim da tarde depois da notícia de que a cidade de Nova York decidiu voltar a fechar escolas públicas para conter a disseminação do coronavírus, em um contexto de recordes de casos diários nos Estados Unidos e de altos números na Europa.
O dólar à vista BRBY teve variação positiva de 0,07%, a 5,3372 reais na venda, bem longe da mínima do dia, de 5,2745 reais (-1,11%), atingida no fim da manhã. Na máxima, alcançada pouco antes das 16h30, a cotação foi a 5,3492 reais, alta de 0,29%.
Outros ativos de risco mostraram piora. O principal índice das ações brasileiras .BVSP caía 0,7% no fim da tarde, enquanto o S&P 500 .SPX , em Wall Street, cedia cerca de 0,3%, após subir também 0,3% no melhor momento do dia.
"Temos a chance da vacina, mas nem de longe temos data clara sobre quando começará a vacinação. Isso tira capacidade de projetar em que medida no ano que vem ainda estaremos tendo de lidar com riscos de restrições econômicas", disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
A Pfizer (NYSE:PFE) PFE.N anunciou que os resultados finais do teste em estágio avançado de sua vacina contra a Covid-19 mostraram que ela é 95% eficaz. A notícia veio depois de a farmancêutica Moderna Inc MRNA.O divulgar dados preliminares para sua vacina, os quais revelaram 94,5% de eficácia.
As chances de desdobramentos econômicos da pandemia ainda em 2021 no Brasil seguem no radar, com o mercado atento a riscos de permanência de gastos emergenciais, o que prejudicaria a já frágil situação fiscal do Brasil.
Já perto do fechamento do dólar à vista, a agência de classificação de risco Fitch reafirmou o rating "BB-" de crédito soberano brasileiro, mas manteve a perspectiva negativa, o que sinaliza riscos de rebaixamento da nota à frente, num ambiente de incerteza política doméstica e ressurgimento global das infecções pelo coronavírus. cedo, o dólar chegou a cair mais de 1% enquanto o mercado monitorava declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra.
Ele afirmou que o BC está preparado para atuar no câmbio caso o mercado não seja capaz de absorver o volume elevado de recursos relacionados ao desmonte de posições de "overhedge" dos bancos esperado para o término do ano, que pode implicar compras de cerca de 15 bilhões de dólares concentradas no fim de dezembro. fala do diretor se conecta com sinalização emitida pelo BC na última segunda-feira sobre chances de realização de ofertas líquidas de swap cambial para fazer frente a esse montante de aquisição de dólares. 6 de novembro, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, já havia dado indicação semelhante. Na ocasião, ele afirmou que a autoridade monetária deveria atuar no final do ano no mercado de câmbio em função de grande fluxo esperado no país pela questão do "overhedge" dos bancos. mesmo dia, contudo, o BC divulgou nota afirmando que não antecipa decisões sobre intervenções nos mercados financeiros. "overhedge" é uma proteção cambial adicional adotada por bancos e que deixou de ser interessante diante de mudanças, anunciadas neste ano, em regras tributárias. Desfazer o "overhedge" implica compra de dólares, movimento que tem ocorrido desde os primeiros meses do ano e respaldado parte da alta de 33% do dólar neste ano.
Apesar das incertezas, alguns gestores têm melhorado as perspectivas para real. Pesquisa do Bank of America (NYSE:BAC) com gestores de fundos da América Latina mostrou que 49% dos que responderam esperam que a moeda brasileira tenha desempenho superior a seus pares dentro de seis meses, maior porcentagem dentre os rivais.
Uma fatia de 65% vê o dólar abaixo de 5,30 reais ao fim do ano (contra 27% da sondagem do mês passado) e 45% veem a divisa norte-americana até abaixo de 5,10 reais. (Edição de Maria Pia Palermo)