LISBOA, 14 Jan (Reuters) - O proprietário de um café, Francisco Pereira, abriu as suas portas uma última vez esta quinta-feira, antes do segundo confinamento em Portugal entrar em vigor para interromper um aumento recorde de infecções por coronavírus. Como muitos outros, ele teme que o seu negócio familiar não sobreviva.
"Estas medidas serão ainda piores porque já gastámos (o dinheiro) que tínhamos e agora pouco ou nada resta", disse o homem de 59 anos, parado atrás do balcão, no centro de Lisboa, habitualmente ocupado com turistas mas agora quase deserto.
"Se as coisas continuarem assim, não sei se poderei ficar aberto", disse ele.
O governo ordenou na quarta-feira que todas as empresas não essenciais em Portugal fechassem e instou as pessoas a ficarem em casa a partir de sexta-feira, e disse que o confinamento deve durar um mês. Medidas semelhantes estiveram em vigor durante seis semanas em Março e Abril de 2020.
Não muito longe do minúsculo café de Pereira, a cabeleireira Cleonice Caldeira também terá de fechar novamente o salão.
"A primeira vez muitos (negócios) não conseguiram reabrir e agora não sei o que vai acontecer", disse ela. "Todos estão muito apreensivos. É muito difícil."
Citada pelo jornal Expresso, a associação que representa cerca de 600 lojas da Baixa de Lisboa disse que 111 lojas encerraram definitivamente desde Março.
O país de 10 milhões de habitantes reportou um total de 8.236 mortes e 507.108 casos, com um aumento nas infecções após o Natal, a colocar uma forte pressão sobre o sistema de saúde.
"Só há uma coisa a fazer: confinamento", disse o lisboeta Carlos Proença, 68 anos. "Se as pessoas ficarem doentes, os negócios também cairão."
Texto original em inglês: de Catarina Demony e Miguel Pereira, Traduzido para português por João Manuel Maurício, Gdansk Newsroom; Editado por Patrícia Vicente Rua em Lisboa)