Por Patricia Vicente Rua
LISBOA, 13 Mai (Reuters) - O lucro líquido da estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD), maior banco de Portugal, teve uma queda homóloga de 31,7% para os 86 milhões de euros (ME) no primeiro trimestre de 2020, devido a 60 ME de provisões e imparidades genéricas de crédito para acautelar o impacto do surto de coronavírus.
Explicou que o resultado reflete os primeiros impactos económicos resultantes da pandemia Covid-19 que se começaram a sentir apenas na segunda quinzena de Março.
"As medidas resultantes da declaração de estado de emergência originaram uma redução da transacionalidade e da procura de crédito, quer por empresas, quer por particulares", explicou o banco público em comunicado.
O resultado de exploração 'core' caiu para 117 ME, versus 130 ME no período homólogo, tendo a rentabilidade - return on equity (ROE) - caído 2,1 pontos percentuais para 4,5%.
A margem financeira estrita diminuiu 20,6 milhões de euros, ou seja menos 7,3% face ao período homólogo, "dada a atual conjuntura de taxas de juro, e particularmente os elevados reembolsos antecipados de crédito por parte de entidades públicas ocorridos em 2019, dado o baixo custo de financiamento do Estado"..
O custo de risco de crédito atingiu 0,07%, fruto do reforço de imparidades, por antecipação dos efeitos da pandemia.
"Sem este reforço, ter-se-ia mantido no mesmo valor de dezembro de 2019: -0,09%", frisou.
Os custos de estrutura recorrentes apresentam uma redução de 4% face a Março de 2019, uma "evolução que resulta da diminuição dos gastos gerais administrativos (-10%) denotando as medidas de otimização da eficiência operacional e da redução dos custos com pessoal em 3%".
A CGD realçou que o rácio de Non-Performing Loans reduziu-se para 4,5%, "continuando a convergir com a média dos bancos europeus", tendo o rácio de NPL líquido de imparidades atingido 0,7%.
Os rácios de capital atingiram 16,6% no capital core (CET1) e 19,2% no capital total, acima da média portuguesa e europeia e explica que a redução face a dezembro é consequência do impacto em reservas da desvalorização das carteiras de dívida pública
(Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)