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Por Sergio Goncalves e Catarina Demony
LISBOA, 7 Mai (Reuters) - A taxa de desemprego pode subir para cerca de 10% no final de 2020, face aos 6,7% no primeiro trimestre de 2020, devido ao impacto do surto de coronavírus na economia, disse o ministro das Finanças, Mário Centeno.
O também presidente do Eurogrupo frisou que "os números de desemprego mostram um aumento significatvo: o aumento dos desempregados registados nos centros de emprego (IEFP) são 75 mil a mais face a Abril do ano passado".
"Nós pensamos que a taxa de desemprego até final de 2020 possa vir a crescer 3 a 4 pontos percentuais", afirmou Mário Centeno em entrevista à televisão RTP.
A Comissão Europeia esta semana anunciou que prevê que a taxa de desemprego de Portugal suba para 9,7% no fim do corrente ano, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais pessimista e aponta para os 13,9%.
Cerca de um em cada cinco trabalhadores em Portugal, que cumpriu um rigoroso programa de resgate da UE em 2014 após a crise financeira global de 2008, está em layoff devido à pandemia.
Segundo o Programa de Estabilidade 2020-24, as medidas para fazer face ao impacto do Covid-19, aliviando a tesouraria das empresas e apoiando trabalhadores em 'layoff', representam "cerca de 2.000 milhões de euros (ME) por mês ou 0,9% do PIB".
"Não é o tempo de pensar na factura temos de combater a crise...se estivermos perante uma situação temporária, teremos de adaptar as medidas para o período da recuperação económica", disse Mário Centeno.
RECESSÃO HISTÓRICA
O surto de coronavírus está a ter um efeito desvastador na economia global e o FMI projecta que Portugal tenha a mais profunda recessão em quase um século com o PIB a cair 8% em 2020, enquanto a Comissão Europeia vê uma contração de 6,8%, ainda assim inferior à queda de 7,7% na zona euro.
A anterior maior recessão em Portugal ocorreu em 1928, quando o produto contraiu 10%, e a contração projectada pelo FMI para Portugal em 2020 é o dobro da registada em 2012 - no pico da crise durante o austero 'bailout' do país.
Em 2019, o PIB português cresceu 1,9% e o país teve um excedente orçamental de 0,2% do PIB - o primeiro em 45 anos de democracia.
O FMI prevê que Portugal tenha um défice de 7,1% do PIB em 2020 e a Comissão Europeia 6,5%.
Mário Centeno está confiante que os líderes da União Europeia entender-se na resposta à crise e que o novo Fundo Europeu de Recuperação - com um poder de fogo de 1 milhão de milhões de euros - ajudará o bloco a enfrentar as conseqüências económicas do coronavírus.
"Não tenho nenhuma dúvida que vai haver acordo. Vai ser um compromisso duradouro, que vai atravessar. A palavra chave é...dispersão destes custos ao longo do tempo", disse o ministro.
Adiantou que depois se vai ter de "definir quais os mecanismos em que esses recursos financeiros vão ser postos à disposição dos Estados membros". (Por Sérgio Gonçalves e Catarina Demony)