(Adiciona PM, especialistas de saúde e outros detalhes)
Por Catarina Demony
LISBOA, 19 Jan (Reuters) - Portugal está a viver "um dos momentos mais tristes", disse o primeiro-ministro na terça-feira, quando os médicos alertaram para um sistema de saúde prestes a entrar em colapso e o número diário de mortos da COVID-19 atingiu um novo recorde.
O país de 10 milhões de pessoas registou 218 novas vítimas mortais da COVID-19, contra 167 na segunda-feira e elevando o número total de mortos desde o início da pandemia para 9.246, disse a autoridade sanitária DGS .
"Estamos certamente a viver um dos momentos mais tristes, de maior dor e sofrimento", disse o Primeiro-Ministro Antonio Costa ao Parlamento. "É uma maratona muito dura".
Portugal, que na semana passada anunciou um novo confinamento para conter o surto de infecções e ajudar a aliviar a pressão sobre os hospitais em dificuldades, também reportouna terça-feira 10.455 novos casos de COVID-19, elevando o total para 566.958.
"Se (o número de infecções) continuar a este ritmo, será muito difícil chegar ao fim da semana sem (o sistema de saúde) entrar em colapso", disse João Gouveia, chefe da associação que representa os trabalhadores dos cuidados intensivos portugueses.
Das 672 camas de unidades de cuidados intensivos (UCI) atribuídas a doentes da COVID-19 em hospitais públicos, 670 estão agora ocupadas, enquanto que o país só tem no total pouco mais de 1.000 camas deste tipo para todos os doentes, independentemente da doença, disseram as autoridades de saúde.
"Nos hospitais a situação é absolutamente dramática", disse Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública. "As unidades de saúde pública não têm a capacidade de lidar com o volume de novas infecções a que assistimos todos os dias".
Mexia disse que havia várias razões para o aumento do número de casos e mortes, incluindo a decisão do governo de aliviar as medidas durante o período natalício para permitir às pessoas verem os seus entes queridos.
O sindicato de médicos SMZC disse numa declaração: "Vários hospitais foram incapazes de fornecer oxigénio com pressão adequada aos pacientes, um problema que é provável que se agrave nos próximos dias".
Na cidade de Portalegre, um hospital lançou na terça-feira um inquérito sobre a morte de um homem idoso depois de este ter esperado três horas dentro de uma ambulância porque a unidade COVID-19 estava cheia.
Texto integral em inglês: (Por Lisbon Bureau; Editado por Andrei Khalip e Gareth Jones; Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua)