(Acrescenta citações ministro, background)
Por Sergio Goncalves e Catarina Demony
LISBOA, 22 Abr (Reuters) - Portugal não registou qualquer retracção no investimento estrangeiro devido à crise do coronavírus e, pelo contrário, até fechou novos contratos nas últimas semanas, disse o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.
Numa conferência de imprensa online, realçou que o investimento estrangeiro, nos últimos anos, bateu "sucessivamente recordes em vários sectores - industriais, serviços - que foram muito importantes".
"Até ao momento, não tivemos ainda nenhum cancelamento na intenção de investimentos, pelo contrário, até sbemos que alguns negócios, que estavam em curso, se têm concretizado nestas últimas semanas", disse o ministro.
Em Fevereiro, o presidente da agência AICEP disse que Portugal estava a analisar mais de 1.000 milhões de euros (ME) de investimentos orientados para exportações para serem contratados já em 2020. pipeline em análise era praticamente idêntico ao máximo histórico de 1.172 ME de investimentos contratatualizados em 2019 pela AICEP, a agência estatal que promove o investimento e exportações.
Pedro Siza Vieira referiu que é normal que, nos próximos tempos, algumas intenções de investimento se possam retrair, mas "a longo prazo o país vai continuar a merecer a preferência dos investidores".
Explicou que o que atraía os investidores estrangeiros, em primeiro lugar, são "factores que vão continuar" como a qualidade dos recursos humanos, a segurança e a estabilidade política",
"Acho que (esses factores) saem reforçados na percepção internacional pela forma como o país, o sistema político, o nosso sistema de Saúde tem reagido perante à pandemia", disse.
Até agora, o número de casos confirmados de coronavírus aumentou para 21.369, com 762 mortos, muito menos grave do que em Espanha ou Itália.
Pedro Siza Vieira frisou Portugal tomou "medidas de contenção da pandemia rigorosas numa fase cedo do processo - o primeiro caso ocorreu em 2 Março, as escolas fecharam a 12 de Março e a 18 de Março foi decretado o estado de emergência".
"Poucos países actuaram tão cedo como Portugal actuou. E conseguimos fazer isto, sem termos de encerrar tanto a nossa actividade económica pois a indústria, a construção e os transportes continuam em funcionamento", referiu.
O surto de coronavírus está a ter um efeito desvastador na economia global e o FMI projecta que Portugal tenha a mais profunda recessão em quase um século com o PIB a cair 8% em 2020, muito superior à queda de 3,7% a 5,7% estimada pelo Banco de Portugal. (Por Sérgio Gonçalves e Catarina Demony, Editado por Patrícia Vicente Rua)