Por Sergio Goncalves e Catarina Demony e Victoria Waldersee
LISBOA, 29 Mai (Reuters) - Portugal avançou para a terceira fase da estratégia de abrir a economia sector-a-sector, mas adiou a abertura dos centros comerciais e lojas dos cidadão na área metropolitana de Lisboa para evitar que dois focos pontuais de coronavírus ressurjam, disse o primeiro-ministro, António Costa.
Adiantou que no conjunto do território continua a haver "uma evolução positiva e as medidas de desconfinamento não têm tido impacto sigificativo", realçando que 95,5% dos infectados está em casa e que Portugal é o quarto país da Europa no número de testes realizados por número de habitantes ou 7 mil por dia.
"Estão, a nível nacional, reunidas as condições para podermos avançar nas medidas de desconfinamento que tinhamos previsto. Infelizmente, a evolução na área metropolitana de Lisboa distingue-se significativamente das diversas regiões do país", disse António Costa.
Adiantou que na "área metropolitana de Lisboa, para evitar a grande aglomeraçao pessoas, terá de ser adiada, pelo menos, entre segunda e quinta feira, a reabertura de centros comerciais e lojas do cidadão".
Até lá, o Governo quer "avaliar os resultados da testagem nos dois focos de contágio": trabalhadores da construção civil e trabalhadores temporários na Azambuja.
"Vamos fazer um esforço muito grande de despistagem e testagem associados à construção civil e trabalho temporário... para que possamos identificar melhor as cadeias de transmissão", afirmou o primeiro-ministro em conferência de imprensa.
A 1 de Junho abre o ensino pré-escolar, bem como os cinemas, teatros e salas de espetáculos, mas com lugares marcados, lotação reduzida e distanciamento físico, e retomam as competições de futebol da 1.ª Liga e Taça de Portugal embora sem assitência do público.
Este fim de semana passarão a ser permitidos os eventos religiosos como missas, mas continuam a ser proibidos ajuntamentos com mais de 20 pessoas e em Lisboa mais de 10.
No sector da restauração, altamente devastado pela crise, "desaparece a regra de lotação máxima de 50% nos restaurantes, mas mantém-se a regra de distanciamento de 1,5 metros entre os clientes ou seja colocada uma barreira física impermeável", disse António Costa.
Portugal, que esteve em estado de emergência entre 18 Março e 3 de Maio, tem até agora conseguido controlar os casos confirmados de coronavírus, que se situam em 31.946 com 1.383 mortos, muito menos do que em Espanha ou Itália.
PRUDÊNCIA EM LISBOA
Contudo, desde o desconfinamento, Lisboa e Vale do Tejo tem tido quase todos os novos infectados, tendo hoje sido responsável por cerca de 92% dos 350 novos casos confirmados.
Na região da Grande Lisboa, onde vivem quase 3 milhões de pessoas, o factor R está acima de 1 - ou seja um infectado contagia mais do que uma pessoa - e as autoridades querem descê-lo para abaixo de 1, o nível onde se situa o resto do país.
A directora-geral de Saúde, Graça Freitas, disse que em Lisboa e Vale do tejo "a situação é complexa pois há surtos de pequena ou grande dimensão", como 340 casos em empresas na zona logística da Azambuja, 130 em 6 grandes obras, infectados em lares e em bairros degradados como o da Jamaica, no Seixal.
Na Azambuja, 175 trabalhadores da Sonae (LS:YSO) MC acusaram positivo à Covid-19 e 125 na Avipronto.
No Bairro da Jamaica, os moradores pediram às autoridades para fecharem os cafés, uma vez que atraíam aglomerações de jovens, que não respeitavam quaisquer regras de segurança, nem sequer usavam máscaras.
"Não pode continuar a tolerar-se este comportamento dos adultos jovens que poem em risco a saúde pública. Os jovens têm tendência a ter uma doença ligeira, mas isto não é uma constipação e podem tramnsitir a grupos de risco, familiares e assim perpetuar a contaminação", disse Graça Freitas.
Costa referiu que, na área metropolitana de Lisboa, "vai ser restringida a dois-terços a lotação máxima de veículos privados de transporte de passageiros e como regra o uso de máscaras".
Em Portugal ainda continuam fechadas discotecas, bares termas, piscinas, o ensino básico e secundário até ao 10.º ano de escolaridade, centros de congressos, casinos e provas desportivas em recintos fechados e/ou com público. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)