Por Catarina Demony e Miguel Pereira
LISBOA, 26 Jan (Reuters) - O governo de Portugal foi estimulado a transferir pacientes de Covid-19 para fora do país nesta terça-feira conforme as mortes pela doença atingiram uma alta recorde e o sistema de fornecimento de oxigênio de um grande hospital na região de Lisboa falhou em parte por conta do uso excessivo.
As fatalidades por Covid-19 nas últimas 24 horas chegaram ao recorde de 291, trazendo o total do país para 653.878 casos e 11.012 mortes. O país agora tem a maior média semanal de casos e mortes por milhão de pessoas, de acordo com o ourworldindata.org.
O hospital no município de Amadora teve de transferir 48 de seus pacientes para outras unidades de saúde na capital na noite de terça-feira, pois a pressão de oxigênio não era suficiente para um grande número de pacientes, segundo nota da instituição.
"Houve a necessidade de diminuir o consumo de oxigênio, então os pacientes foram transferidos", disse o hospital, que quase não tem leitos livres. "Eles nunca estiveram em perigo."
Reportagens mostraram ambulâncias apressadas passando pelos portões principais do hospital para pegar os pacientes, enquanto algumas deixaram o local escoltadas pela polícia.
Vinte pacientes foram transferidos para o maior hospital de Lisboa, o Santa Maria, que na terça-feira instalou dois refrigeradores do lado de fora de seu necrotério com capacidade para 30 corpos, afirmou o porta-voz do hospital.
O presidente Marcelo Rebelo de Sousa disse em entrevista coletiva que não havia necessidade de criar “alarme” sobre a ideia de ajuda internacional, mas acrescentou: “Sabemos que há disponibilidade de países amigos para ajudar.”
A ministra da Saúde, Marta Temido, disse esta segunda-feira à emissora RTP: "O governo português está buscando todos os mecanismos disponíveis, incluindo no quadro internacional, para garantir a melhor assistência aos doentes."
Mas Temido observou que as transferências de pacientes seriam limitadas pela localização de Portugal na extremidade ocidental da Europa, especialmente porque outras nações da União Europeia também estão sob pressão.
(Reportagem de Victoria Waldersee, Catarina Demony, Miguel Pereira e Pedro Nunes)