LISBOA, 14 Abr (Reuters) - Portugal poderá ter de nacionalizar a sua companhia aérea de bandeira TAP TAPA.UL , assim como outras empresas gravemente afectadas pelo impacto económico do surto de coronavírus, afirmou na terça-feira o primeiro-ministro António Costa.
A TAP foi parcialmente privatizada em 2015 e o Estado ainda detém uma participação de 50%.
"Não podemos excluir a necessidade de nacionalizar a TAP ou outras empresas que são absolutamente essenciais para o país". Não podemos correr o risco de as perder", disse Costa ao jornal português Observador.
"Esta é uma crise de saúde que se está a transformar numa crise económica e não podemos deixar que se agrave", afirmou.
No mês passado, a TAP disse que ia colocar em 'layoff' temporariamente cerca de 90% dos seus funcionários por causa da crise do coronavírus que levou a um colapso na procura de viagens.
O consórcio privado Atlantic Gateway, liderado pelo empresário brasileiro norte-americano David Neeleman, tem uma participação de 45% na TAP e os restantes 5% são propriedade dos empregados da TAP.
Em declarações à televisão TVI, na segunda-feira à noite, o ministro das Finanças português e chefe do Eurogrupo, Mário Centeno, afirmou ainda que a nacionalização da TAP poderia ser uma opção.
"Não vamos certamente retirar da mesa qualquer possibilidade de resposta aos desafios", disse Centeno. "A TAP tem desafios únicos, mas há muitas formas de intervir sem recorrer a esta opção (nacionalização), mas esta pode ser uma das formas".
Portugal tem mais de 16.900 casos confirmados do vírus e 535 casos de morte comunicados.
A TAP terminou o ano passado com a sua melhor posição de 'cash' de sempre, apesar de ter registado um prejuízo anual de 106 milhões de euros.
Os meios de comunicação social alemães afirmaram em Fevereiro que a Lufthansa LHAG.DE e a transportadora americana United Airlines UAL.O estavam a considerar a hipótese de uma aquisição conjunta da TAP. disse que "havia interesse de uma empresa", mas que neste momento estava "suspenso" porque as companhias aéreas estão "a pensar em como vão sair desta pandemia e não em novos investimentos".
Texto original em inglês: (Reportagem de Catarina Demony, traduzido para português por André Vitor Tavares em Gdansk Newsroom; Editado por Patrícia Vicente Rua em Lisboa)