Por Sergio Goncalves
LISBOA, 30 Jun (Reuters) - Os prejuízos da TAP-Air Portugal TAPA.UL dispararam para 395 milhões de euros (ME) nos três meses de 2020, contra 106,6 ME há um ano, com uma forte queda de passageiros em Março após os lockdowns do país e exterior devido à pandemia do coronavirus.
A companhia de bandeira nacional anunciou que, o número de passageiros transportados teve uma descida homóloga de 12,6% para 2,96 milhões no primeiro trimestre de 2020, com uma brutal queda de 54,7% em Março.
Adiantou que os rendimentos operacionais caíram 5% para 583,2 ME no primeiro trimestre de 2020, quando nos dois meses do corrente ano tinham crescido 19,4% para 466,6 ME.
O EBITDA - earnings before interests, taxes, depreciation and amortization - situou-se num valor negativo de 22,6 ME versus um EBITDA positivo de 3,4 ME há um ano.
"O mês de março foi já significativamente afectado pelas medidas de contenção adoptadas pelas autoridades nacionais e internacionais que se reflectiram numa acentuada quebra na procura e levaram a TAP a diminuir a sua capacidade operacional", afirmou a TAP.
Explicou que o prejuízo de 395 ME foi "impactado por eventos relacionados com a pandemia Covid-19, nomeadamente pelo reconhecimento de overhedge de jet fuel de 150,3 ME...e diferenças de câmbio líquidas negativas de 100,5 ME".
No primeiro trimestre de 2020, os ASKS - número total de lugares disponíveis para venda multiplicado pelo número de quilómetros voados - caíram 2%, tendo descido 33,9% em Março.
"A redução de capacidade (medida em ASKs) face ao mês homólogo do ano anterior, foi de 99% em Abril e 98% em Maio de 2020", afirmou a companhia.
A TAP tem quase toda a sua frota de 107 aviões 'no chão' e 90% dos seus mais de 10.000 trabalhadores em 'lay off' desde 2 de Abril e quer mantê-los nesta situação até ao fim de Julho.
Em abril, a TAP pediu ajuda pois a empresa, que normalmente opera cerca de 2.500 voos por semana, foi forçada a suspender quase todos, porque a procura por viagens caiu com a pandemia de coronavírus. início deste mês, a Comissão Europeia aprovou o plano de Portugal para um empréstimo de resgate de 1.200 milhões de euros à TAP. final de Março, a dívida financeira líquida ascendia a 1.126,6 ME versus 932 ME em Dezembro de 2019.
A TAP foi parcialmente privatizada em 2015 e o Estado ainda detém uma participação de 50%. O consórcio privado Atlantic Gateway, liderado pelo empresário brasileiro David Neeleman, tem 45% do capital e os trabalhadores os 5% restantes.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)