Por Byron Kaye e Kylie MacLellan
SYDNEY/LONDRES, 23 Abr (Reuters) - Dois enfermeiros que foram especialmente elogiados por Boris Johnson enquanto ele esteve hospitalizado com coronavírus disseram que o primeiro-ministro do Reino Unido foi tratado como qualquer outro paciente.
A neozelandesa Jenny McGee disse que não se impressionou com a tarefa de cuidar de Johnson, que "com certeza precisava estar lá", e o português Luis Pitarma disse que a responsabilidade "foi bastante intimidante".
"Havia muito interesse da mídia por ele estar no hospital e, para ser sincera, isso foi o mais duro", disse McGee à TVNZ em uma entrevista transmitida nesta quinta-feira, seus primeiros comentários púbicos desde o episódio.
"Para a unidade, ele era só mais um paciente para o qual estávamos tentando dar nosso melhor, então foi vida normal. Foi um dia como outro qualquer", acrescentou McGee, que trabalha para o Serviço Nacional de Saúde (NHS) britânico desde 2010.
Em um comunicado divulgado pelo hospital St Thomas de Londres, onde o premiê de 55 anos foi internado em 5 de abril quando os sintomas da Covid-19 pioraram, Pitarma disse: "Perguntei como ele gostaria de ser chamado e ele disse para chamá-lo de Boris. Isso me fez sentir menos nervoso porque ele acabou com qualquer formalidade".
Johnson foi levado para a unidade de tratamento intensivo no dia seguinte, ficando ali durante três noites. Ao ter alta, no dia 12 de abril, ele disse em uma mensagem de vídeo: "O NHS salvou minha vida, sem dúvida".
Ele citou vários enfermeiros que o trataram e depois agradeceu dois em particular – "Jenny, da Nova Zelândia" e "Luis, de Portugal" – que disse terem ficado ao seu lado "quando as coisas podiam ter virado para qualquer lado".
McGee disse que, quando Johnson publicou a mensagem, estava se preparando para seu plantão noturno e que um amigo a avisou.
"Minha primeira reação foi que era uma piada", contou.
McGee disse que, enquanto realizava suas tarefas, ela e o primeiro-ministro "passamos muito tempo juntos e papeamos sobre a Nova Zelândia", especialmente sobre sua cidade-natal de Invercargill, pela qual ela disse que ele se interessou.
Depois de alguns plantões cuidando do líder britânico, ela disse que entrava no carro e "ouvia coisas sobre Boris Johnson no noticiário que eram muito surreais porque eu pensava 'uau, estou cuidando dele'."
Johnson não foi o único líder nacional a parabenizar os dois enfermeiros. McGee recebeu uma mensagem da premiê neozelandesa, Jacinda Ardern, e Pitarma recebeu um telefonema do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.