Criptoativos: Introdução
Criptoativos são “representações digitais de valor, possíveis graças aos avanços na tecnologia criptográfica e nas DLTs (Distributed Ledger Technology). São definidos nas suas próprias unidades de medida e podem ser transacionados de indivíduo para indivíduo (P2P) sem o recurso a um intermediário.”
Fundo Monetário Internacional (FMI)
Na prática, os criptoativos (ou ativos digitais) são ficheiros eletrónicos de dados/informação que podem ser detidos e usados:(1) como moeda para transações de valor;(2) como forma de armazenamento de conteúdos intangíveis.
Criptomoedas, Stablecoins, ou NFTs são tudo exemplos de criptoativos.
Tipos de Criptoativos
- Criptomoedas: são o tipo de criptoativo mais comum e têm como propósito servir como meio de transação de valor (em oposição às moedas governamentais). Exemplo: Bitcoin (BTC); Monero (XMR)
- Utility Tokens: são criptoativos que oferecem valor aos investidores dando-lhes acesso a determinado produto/serviço. Exemplo: Basic Attention Token (BAT); Fevr Token (Fevr$);
- Stablecoins: são criptoativos que têm o seu valor diretamente associado a um ativo “do mundo real”, como o dólar (USD) ou o ouro. Exemplo: Tether (USDT); USD Coin (USDC)
- CBDC: são moedas digitais emitidas pelos Bancos Centrais. Exemplo: Franco Digital (DCHF)
- NFTs: são certificados de propriedade sobre conteúdos digitais originais.
Conceitos Fundamentais
- Chave Privada: Número binário gerado aleatoriamente que é usado para encriptar e desencriptar informação, apenas disponível para o criador da carteira encriptada.
- Chave Pública: Código que deriva criptograficamente duma “chave privada” específica. A chave pública está disponível online para que as transações sejam publicamente auditáveis, mantendo a privacidade dos seus usuários. Esta chave deverá ser emparelhada com a chave privada para que as transações sejam executadas.
Como funciona o sistema das chaves públicas e privadas?
Mercado dos Criptoativos
Desde o lançamento da Bitcoin, em Novembro de 2008, o mercado dos ativos digitais cresceu exponencialmente – rondando, atualmente, os 2.5 triliões de dólares. Curiosamente, este valor é superior ao market cap. aglomerado da Tesla (NASDAQ:TSLA) (~ $1 trilião), Meta/Facebook (~ $920 biliões) e Visa (~ $430 biliões).
Fonte: coinmarketcap
Mesmo retirando o valor da Bitcoin da equação, o valor total de mercado (market cap.) dos criptoativos ronda os 1.5 triliões de dólares.
Fonte: coinmarketcap
Capitalização de Mercado e Investimento em Blockchain
Entre todos os criptoativos, a Bitcoin é a que detém a maior fatia no que respeita à capitalização de mercado. No entanto, desde 2013 que este valor tem vindo a diminuir gradualmente – de perto de 95% (2013) até aos atuais 45% (2021).
A tendência acentuou-se entre 2018 e 2019 – período conhecido como o “boom das altcoins” – em que a Bitcoin caiu pela primeira vez abaixo dos 50% do total de capitalização do mercado de criptoativos. Na verdade, em meados do ano de 2017, a Bitcoin esteve perto de ser ultrapassada pela Ethereum, tendo ambas atingido os valores de 38% (BTC) e 31% (ETH).
Fonte: coinmarketcap
Em novembro de 2021, a Bitcoin (BTC) fechou o mês com perto de 42% de quota de mercado, face aos 19,2% da Ethereum (ETH). No mundo das altcoins, o maior destaque vai para a Solana (SOL) que teve um crescimento exponencial ao longo de 2021, ultrapassando assim a quota de mercado da Ripple (XRP) e da Cardano (ADA).
Quotas de Mercado dos Principais Criptoativos (Nov. 2021)
Quanto ao investimento em projetos desenvolvidos em Blockchain, os mercados que mais apostam neste setor são os EUA e a Europa Ocidental, sendo que os americanos são líderes nesta questão.
Segundo o website statista.com, 2017 foi o primeiro ano em que o investimento global neste tipo de soluções superou 1 bilião de dólares. Desde aí, este valor cresceu significativamente até aos atuais $8 biliões (2021), o que representa um crescimento médio de 68% ao ano, nos últimos 4 anos. Para o ano de 2022 prevê-se que este valor irá ultrapassar os $ 11.5 biliões.
Investimento Global em Soluções Desenvolvidas em Blockchain (2016-2021)Fonte: statista.com
Tipos de Armazenamento
1. Hot Storage
As hot wallets são carteiras que correm na Blockchain sobre dispositivos conectados à internet (computadores, telemóveis, etc). Na prática, podem assumir o formato de website, aplicação ou plugin.
Apesar das hot wallets serem extremamente convenientes, no sentido em que dão acesso quase instantâneo aos criptoativos, estas tendem a ter fragilidades de segurança.
Exemplos de hot-wallets:
- Metamask
- Jaxx Liberty
- Blockchain.com
2. Cold Storage
A opção mais segura para armazenar criptoativos são as “cold wallets”. A descrição mais simplista para uma “cold wallet” é uma carteira que não está conectada à internet e, portanto, tem um risco inferior de ser corrompida.
Estas carteiras são também conhecidas como “carteiras offline”.
2.1 Hardware Wallets
Uma hardware wallet é tipicamente uma pen drive que guarda as chaves privadas do utilizador offline. Este tipo de armazenamento mostra algumas vantagens face às hot wallets dada à sua elevada proteção contra invasões virais que poderiam estar nos dispositivos usados (computadores, tablets, etc).
Estas carteiras são tipicamente open-source, permitindo à comunidade definir o seu grau de segurança ao invés de estar dependente da credibilidade duma empresa. Mais, geralmente estas pen’s têm software associado (ex: aplicações) que permitem ao utilizador aceder ao seu portfólio sem colocar a chave privada em risco.
Exemplos de hot-wallets:
- Ledger
- Trezor
2.2 Paper Wallets
Provavelmente a forma mais segura de armazenar criptomoedas offline é através das chamadas “paper wallets”. Uma paper wallet é uma cold wallet, gerada a partir de websites específicos, que produz tanto a chave pública como a chave privada de uma carteira e que fica disponível para impressão. O acesso à carteira associada a essas chaves é somente possível com esse registo em papel.
Vários investidores fragmentam as suas paper wallets e armazenam este papel em caixas fortes no banco ou num cofre pessoal. As paper wallets não têm qualquer tipo de interface para além da Blockchain e do suporte em papel.
Onde Transacionar Criptoativos?
1. Criptoexchange(s)
Uma criptoexchange é uma instituição financeira, de acesso online (website e/ou aplicação), que facilita as transações de criptoativos.
Nestas instituições financeiras, os investidores podem abrir posições de compra/venda entre vários pares de criptoativos. Por exemplo, é possível trocar BTC por ETH (ou vice-versa), da mesma forma que é possível transacionar EUR/USD nos mercados financeiros tradicionais.
Naturalmente, para além dos serviços de corretagem, estas instituições também oferecem serviços de custódia. As carteiras em Exchange são contas de custódia providenciadas pela Exchange em causa. O usuário deste tipo de carteira não é o real proprietário da “chave privada” que dá acesso aos criptoativos dos quais é detentor. Ou seja, no caso da Exchange ser hackeada ou a sua conta ficar comprometida, os fundos do usuário correm o risco de perda.
Exatamente por isto, a expressão “se não tens as chaves, não tens as moedas” (em inglês: “not your keys, not your coins”) é um conceito cada vez mais repetido em diversos fóruns de criptoativos.
2. Instituições Financeiras Reguladas
As instituições financeiras reguladas na gestão de criptoativos são bancos qualificados/licenciados, pelas entidades financeiras supervisoras dos países/mercados onde atuam, para oferecer serviços associados à gestão deste tipo de ativos.
Por exemplo, a Anchorage Digital Bank National Association foi a primeira instituição financeira autorizada e regulada pela OCC (Office of the Controler of the Currency; EUA) para oferecer serviços de custódia de ativos digitais. Como “Custódia Qualificada” e regulada, a Anchorage é capaz de oferecer serviços de armazenamento de ativos digitais aos seus clientes, aumentando o nível de segurança sobre mesmos.
Para além dos serviços de custódia, as instituições financeiras qualificadas também poderão oferecer serviços de corretagem, financiamento, staking, entre outros.
3. Indivíduo para Indivíduo (P2P)
Visto que as transações na Blockchain não requerem intermediação por parte de terceiros, indivíduo A pode enviar/receber determinado ativo digital diretamente para/de indivíduo B com o exclusivo conhecimento dos mesmos. E, em teoria, este é o formato mais seguro e com maior privacidade para transacionar ativos digitais.
Na verdade, até já existem plataformas que possibilitam este tipo de transações sem que os indivíduos se conheçam sequer. Através do uso de “smart-contracts” é possível colocar uma ordem aberta nestas plataformas que são executadas assim que um usuário a preencha. Ou seja, se usuário A colocar uma ordem de venda de 1 BTC a 50.000€ numa destas plataformas. Assim que usuário B aceite fazer a transação, a plataforma bloqueia o uso de 1 BTC (no usuário A) e 50.000€ (usuário B) até que a transação seja completa. Quando a transação é aceite na rede, esta fica concluída passando usuário A a ter – 50.000€ – e usuário B – 1 BTC.
Para estas transações, também conhecidas como “peer-to-peer” (P2P), a custódia dos criptoativos (Pessoal, em Exchange, ou Qualificada) está a cargo de cada usuário.