A plataforma de conteúdos OnlyFans anunciou, no dia 10 de Fevereiro, que irá permitir aos criadores de conteúdo utilizar NFTs como imagem de perfil. Os criadores que utilizem esta funcionalidade deverão garantir que o NFT é verificado e serão assinalados com um ícone da rede Ethereum.
A OnlyFans permite a criadores de conteúdo monetizarem o seu trabalho através de uma plataforma que lhes dá exposição e infraestrutura. Os criadores podem criar conteúdo exclusivo para consumidores que paguem uma subscrição mensal. Por sua vez, a plataforma lucra taxando uma percentagem por cada subscrição paga aos criadores.
Os NFTs (non funjible tokens, em inglês) são criptoativos em Blockchain que funcionam como certificados de propriedade sobre conteúdos digitais. O formato predominante são as imagens, algumas transaccionadas por milhões de dólares. Qualquer um pode fazer “copy-paste” da imagem correspondente a um NFT. Contudo, o certificado de propriedade encontra-se vinculado a uma carteira de criptomoedas e é através desta que é feita a verificação de propriedade (sobre uma foto de perfil ou um avatar, por exemplo).
A abordagem da OnlyFans aos criptoativos não é caso isolado na industria para adultos. Já o PornHub, conhecido site de conteúdo pornográfico, optou por aceitar pagamentos em criptomoedas. Na altura, foi a solução encontrada quando fornecedores de serviços de pagamento como Paypal (NASDAQ:PYPL), Mastercard (NYSE:MA) e Visa (NYSE:V) começaram a rejeitar as transações para os criadores de conteúdo desse website. Como alternativa, o PornHub optou por aceitar Bitcoin, Ether, Ripple, Litecoin, Tether, USDC, etc. como forma de pagamento pelo acesso a conteúdo premium.
No caso da OnlyFans, a empresa viu-se pressionada por fornecedores de serviços de pagamentos, sem nunca revelar quais em particular, e escolheu por censurar conteúdo explicitamente sexual e pornográfico apesar da sua reputação “porn-friendly“.
O “flirt” entre redes sociais e NFTs
O pioneiro na implementação de NFTs como imagem de perfil foi a rede Twitter (NYSE:TWTR), que a partir de Janeiro de 2020 permitiu a utilização de NFTs verificados como imagem de perfil sendo assinalados com um ícone hexagonal. Na altura, a rede Ethereum também foi a escolhida pelo Twitter.
Também o Reddit, um fórum de discussão online, está a testar a possibilidade de adicionar um NFT verificado como “avatar”. Aliás, o Reddit já possui a sua própria colecção de NFTs transacionáveis na rede Ethereum: os cryptosnoos.
O próprio Instagram, rede social da empresa Meta (NASDAQ:FB) (antigo Facebook, Inc.), declarou no final de 2021 que se “encontravam a explorar activamente o campo dos NFTs” embora não tenham “nada a anunciar para já”. A sua ideia passa por “levar os NFTs a um público mais abrangente” e simultaneamente “procurar novas formas de ajudar os criadores de conteúdo”.
As plataformas sociais mais populares (Twitter, Instagram, Reddit, Youtube, etc..) fazem parte da chamada Web2.0, caracterizada pela interatividade dos websites, em que os utilizadores podem ser também os criadores do conteúdo.
Os NFTs, por sua vez encontram-se no universo da Web3.0, onde os utilizadores podem ser os proprietários verificados de ativos digitais e transacioná-los de forma descentralizada e sem intermediários (peer-2-peer).
A apróximação das redes sociais tradicionais (Web2.0) aos criptoativos (Web3.0) pode resultar numa relação benéfica para ambos os espaços. Por um lado, as potencialidades da Web3.0 são expostas a uma audiência mais alargada. Já as plataformas Web.2.0 podem encontrar formas de se actualizarem e desenvolverem novas ferramentas e produtos para os seus criadores de conteúdo e consumidores.