Os funcionários da União Europeia (UE) minimizaram, esta sexta-feira, a mais recente ameaça de Donald Trump em matéria de direitos aduaneiros, depois de o presidente eleito dos EUA ter alertado para a possibilidade de terríveis consequências, a menos que o bloco aumente as suas compras de petróleo e gás norte-americanos.
Trump escreveu hoje, numa publicação na rede social que fundou, a Truth Social: “Disse à União Europeia que deve compensar o enorme défice para com os Estados Unidos através da compra em grande escala do nosso petróleo e gás. Caso contrário, TARIFAS por todo o lado!!!”.
Questionado pelos jornalistas durante uma conferência de imprensa em Bruxelas, o porta-voz da Comissão Europeia para o Comércio, Olof Gill, respondeu ao que descreveu como sendo “comentários frequentes do presidente eleito” sobre questões comerciais entre a UE e os EUA.
“A UE tem um excedente substancial no comércio de mercadorias com os EUA, enquanto os EUA têm um excedente substancial no comércio de serviços em relação à UE, e isso nem sempre se reflete em alguns dos tipos de publicações a que se refere”, afirmou Gill.
“Por isso, o que queremos transmitir e o que já dissemos em várias ocasiões, nomeadamente através da presidente von der Leyen, é que estamos prontos para discutir com o presidente eleito Trump o modo como poderemos reforçar uma relação já forte, incluindo aí a discussão dos nossos interesses comuns no setor da energia”, acrescentou o porta-voz.
Nos últimos três anos, a Europa aumentou significativamente as importações de gás natural liquefeito (GNL) dos EUA, numa altura em que Bruxelas procura diversificar as fontes de abastecimento, afastando-se da Rússia, no contexto da guerra injustificada do presidente Vladimir Putin contra a Ucrânia.
De acordo com os dados oficiais da UE, os EUA foram a maior fonte de petróleo e de gás não proveniente de gasodutos no terceiro trimestre deste ano, fornecendo pouco mais de 15% do petróleo e quase 38% das importações de GNL do bloco.
Em termos de importações totais de gás, contabilizando o GNL e o proveniente de gasoduto, as exportações dos EUA cobriram um quinto da procura da UE no ano passado, perdendo apenas para os 30% que vieram da vizinha Noruega, que está ligada por vários gasodutos.
Os funcionários da UE não quiseram confirmar se Trump - tal como sugerido na publicação que fez nas redes sociais - tinha enviado um ultimato a Bruxelas através de qualquer canal oficial.
“Só posso confirmar que vimos os tweets, com base nos quais colocou as suas questões”, disse o porta-voz adjunto da Comissão Europeia, Stefan de Keersmaecker, sublinhando mais uma vez "a importância de reforçar ainda mais uma relação já forte".