(Repete matéria publicada na quarta-feira)
SÃO PAULO, 6 Jun (Reuters) - As fortes turbulências diante a cena política, com a proximidade de eleições presidenciais, levaram o Banco Central e o Tesouro Nacional a anunciarem nesta quarta-feira a mais forte atuação coordenada no mercado desde o início de maio.
Além de realizar as chamadas operações compromissadas, com a venda de papeis a investidores mediante compromisso de recompra pelo próprio governo dos mesmos títulos em nove meses, os órgãos também decidiram oferecer a investidores uma porta de saída da dívida brasileira no médio prazo.
Desde o fim do mês passado, BC e Tesouro Nacional atuam de forma paralela nos mercados, como forma de aliviar a pressão e o estresse causado pelo conturbado cenário eleitoral.
Para aliviar a valorização da moeda norte-americana, o BC tem oferecido contratos de swap cambial, equivalentes à venda futura de dólares, enquanto o Tesouro realizou leilões para recomprar papéis que vencem em 2025, 2027 e 2029.
Nesta quinta-feira, a atuação será diferente. O Tesouro incluiu na lista de papeis a opção de comprar títulos que vencem em 2023, diante da forte subida dos juros futuros no curto prazo no mercado. O contrato de juro futuro com este vencimento subiu 5 por cento apenas no mês de junho, para 11,11 por cento.
Quando investidores elevam o prêmio cobrado nos papéis de juros futuros geralmente precificam chances de problemas econômicos, como avanço da inflação ou insolvência fiscal. Com o leilão, o Tesouro dá aos investidores a possibilidade de se desfazerem do papel, reduzindo a pressão sobre o título.
Refletindo a preocupação com a cena fiscal e política local, o dólar subiu nesta quarta-feira, a caminho do patamar de 3,85 reais, apesar da atuação do BC. Já o mercado de juros terminou a sessão com novas altas, a despeito de o Tesouro ter confirmado que voltaria a recomprar títulos de médio e longo prazo, sem detalhar os vencimentos. EXTRA
Com o objetivo de "atender a demanda dos investidores por lastro em títulos públicos" o BC também mudará a atuação no mercado. Às terças-feiras, o BC realiza operações compromissadas com prazos de três meses e às sextas-feiras, de nove meses. Nesta quinta-feira, ele promoverá um leilão extra com prazo de nove meses, informou a instituição, em comunicado.
Tradicionalmente, bancos centrais usam operações compromissadas, nas quais vende títulos do Tesouro que têm em sua carteira, como forma de influenciar na liquidez do mercado.
Além disso, o BC confirmou que repetirá nesta quinta-feira a rolagem de 8.800 contratos de swap cambial que vencem em junho e oferecerá 15 mil contratos adicionais.
Procurado, o Tesouro não tinha um porta-voz para comentar imediatamente a atuação coordenada no mercado.
(Por Iuri Dantas Edição de Tatiana Ramil e Aluísio Alves)