FRANKFURT, 2 Fev (Reuters) - Deixar a moeda única não traria qualquer benefício a nenhum país da zona euro, e os governos devem culpar-se a si próprios por grande parte dos problemas económicos dos seus países, disse esta quinta-feira o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mário Draghi.
O eurocepticismo tem ganho terreno na zona euro, devido ao crescimento de visões políticas mais populistas. A união monetária enfrenta entre os seus testes mais difíceis numa altura em que, na Itália, o Movimento 5 Estrelas faz campanhas para retirar a Itália do euro e, em França, a candidata presidencial Marine Le Pen propõe o mesmo.
Encorajados em parte pela decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia, os opositores do euro argumentam que uma taxa de câmbio flexível lhes permitiria restaurar a competitividade e permitiria colocar termo a um ciclo aparentemente interminável de austeridade.
A moeda única foi impulsionada pelo forte crescimento económico da Alemanha, que dela beneficiou em grande medida.
Apontando o dedo aos dirigentes políticos que têm criticado o bloco monetário, Draghi disse que os problemas económicos da Europa têm raiz em decisões políticas.
"Os países que implementaram reformas não dependem de uma taxa de câmbio flexível para conseguirem um crescimento sustentável", disse o líder do BCE em Liubliana, no âmbito das comemorações do 10.º aniversário da adesão da Eslovénia ao euro.
"Se um país tem fraco crescimento económico devido a profundos problemas estruturais, a taxa de câmbio não pode ser a resposta", acrescentou.
Draghi identificou um abrandamento nas reformas estruturais, o enfraquecimento do Pacto de Estabilidade da UE, a fragilidade da integração financeira e a divergência subjacente entre os países, como as principais razões para a crise.
"Temos de ser muito claros: a culpa desta situação não é da moeda única", disse. "As autoridades nacionais sabiam o que tinham a fazer", sublinhou.
História completa em inglês (Reportagem de Balazs Koranyi, Andreas Framke e Marja Novak-Vogric; traduzido para português por Daniel Lourenço em Gdynia;Editado em português por Daniel Alvarenga em Lisboa)