Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 22 Mai (Reuters) - Portugal tem de capitalizar a actual vaga de optimismo para fomentar o crescimento e reduzir a dívida pública e privada, visando melhorar a notação da República para o crucial grau de investimento, disse o CEO do Millennium bcp BCP.LS , Nuno Amado.
"O próximo passo determinante para nos dar o que considero ser uma rede de segurança adequada para o país, bancos, economia e empresas, é trabalharmos em conjunto para continuarmos uma melhoria sustentável do Produto (Interno Bruto) e uma redução da dívida, por forma a que as entidades de rating possam numa segunda fase alterar a sua avaliação do país", disse Nuno Amado.
No final de Abril, a agência de notação canadiana DBRS manteve a notação de Portugal em grau de investimento BBB (low) com perspectiva estável, alertando que o país ainda enfrenta significativos desafios como o elevado endividamento público e das empresas, e o baixo potencial de crescimento. agência de 'rating' é a única das quatro maiores que coloca Portugal em 'investment grade', permitindo o acesso do país ao programa de compra da sua dívida pelo Banco Central Europeu (BCE).
"Se este ano o PIB continuar a crescer a nível mais elevado que a perspectiva internacional das entidades internacionais - e a probabilidade é grande que isso aconteça - em simultâneo com o início de uma redução clara do sentido da dívida pública, creio que ( ..) seria possível fazer isso (subida dos ratings) este ano", frisou o CEO do BCP.
"Mas não creio que, se só houver uma das condições sem a outra, seja fácil isso acontecer".
Portugal precisa de receber grau de investimento de pelo menos uma das agências de rating 'big four'. Moody's, Fitch e Standard&Poor's atribuem grau 'lixo', ou especulativo, à dívida de longo prazo de Portugal.
"Sem ser uma empresa de rating, mas dialogando com elas, entendo que essas condições são essenciais. O caminho é possível, mas vai demorar algum tempo e a dívida tem de começar a descer", vincou o CEO do BCP.
"Se a trajectória for de descida (da dívida), clara e consistente, se durante dois ou três trimestres essa evolução for clara, acho que é a rede de segurança que é preciso".
A Comissão Europeia propôs hoje a saída de Portugal do PDE, abrindo a porta a maior flexibilidade no cumprimento das regras orçamentais no futuro, apesar de ter deixado algumas recomendações. Governo estima que o rácio de dívida pública bruta se tenha situado em 130,4 pct do PIB em 2016 e projecta que caia para 128,5 pct em 2017, enquanto o Conselho de Finanças Públicas o vê a cair para 129,2 pct.
"Acredito que teremos um período mais fácil. Mas a condição é a melhoria do rating da República, absolutamente necessária para o sector financeiro e economia como um todo. É esse o próximo grande desafio. É isso que todos devíamos pôr na agenda do sector empresarial e político", concluiu.
A 'yield' das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a negociar nos 3,15 pct, quatro pontos base abaixo da sessão anterior, em mínimos desde Outubro de 2016, contra o máximo do ano próximo dos 4,3 pct em Fevereiro. (Editado por Sérgio Gonçalves)