LISBOA, 8 Jul (Reuters) - A Universidade Católica prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal contraia, em cadeia, entre 13% e 20% no segundo trimestre de 2020, depois de uma contracção de 3,8% nos primeiros três meses do ano, devido à crise económica gerada pelo surto de coronavírus.
A estimativa do Forecasting Lab/NECEP da Universidade Católica aponta para que "no cenário base, a economia portuguesa terá contraído 13% em cadeia no segundo trimestre de 2020".
"Este cenário é justificado por quedas menos acentuadas em alguns setores, como é o caso da construção, bem como pela recuperação já evidenciada pelo comércio a retalho e pelas operações através da rede Multibanco, se bem que parcial e ainda distante dos níveis observados no final do ano passado", refere.
Realça que "no cenário alternativo, a economia portuguesa poderá ter contraído cerca de 20%, sendo esta estimativa suportada pela proporção muito elevada da população ativa, cerca de 25%, que esteve ausente do posto de trabalho normal durante o segundo trimestre".
Sublinha que este cenário é ainda sinalizado por alguns indicadores, como é o caso das vendas de veículos ou do número de dormidas em estabelecimentos turísticos.
Relativamente ao crescimento anual do PIB, o NECEP prevê quedas entre 5% - a mais optimista - e 17% - num cenário mais pessimista. O cenário central aponta para uma queda do produto de 10% em 2020.
"Esta projeção resultou da construção de cenários que permitem quedas do PIB entre 5% e 17% este ano, pelo que o valor de 7% indicado no Orçamento do Estado Suplementar de 2020 parece otimista já que pressupõe um segundo semestre do ano bastante favorável", frisou. Este cenário central do NECEP é compatível com uma taxa de desemprego de 9% no conjunto do ano.
Portugal está a levantar gradualmente o 'lockdown' imposto em 18 de Março, mas os efeitos da pandemia de coronavírus fizeram um buraco de 8,7 mil (ME) nas receitas públicas e impuseram um aumento da despesa de 4.300 ME.
Em 3 de Julho, o Parlamento português aprovou na votação final global o orçamento suplementar de 2020, com o PIB visto a cair 6,9% este ano e a taxa de desemprego a disparar para 9,6%. O défice é visto subir para 6,3% em 2020 e a dívida pública a aumentar para 134,4% do PIB em relação aos 117,7% do ano passado. importante que a dimensão da queda do PIB este ano é a dimensão da perda da atividade económica no último trimestre do ano. Se esta for inferior a 5% face a 2019, não é de excluir uma recessão curta com rápida recuperação da normalidade em termos de atividade económica", explica.
"Porém, se a queda for muito superior a 5% então a destruição de capacidade produtiva, emprego e rendimento só permitirá uma recuperação lenta e penosa até aos níveis observados em 2019. Ainda é muito cedo para antecipar, com base em dados concretos, o estado da economia no final do ano", conclui.
O Instituto Nacional de Estatística deverá anunciar a primeira leitura do PIB português relativo ao segundo trimestre a 14 de Agosto.
(Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)