Por Sue-Lin Wong
PEQUIM, 8 Mar (Reuters) - A China registou o seu primeiro défice comercial em três anos em fevereiro uma vez que as importações de 'commodities', que vão dO minério de ferro ao petróleo, subiram bem mais do que o esperado para alimentar o 'boom' da construção.
A leitura das importações reforçou a crescente visão de que a actividade económica na China acelerou nos dois primeiros meses do ano. Tal pode dar às autoridades chinesas mais confiança para avançar com dolorosas reformas estruturais.
"Suspeitamos que isso reflecte amplamente o impulso aos valores de importação do recente salto na inflação dos preços de commodities, mas também sugere que a procura doméstica permanece resiliente, disse em nota Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics.
As importações da China subiram 38,1 por cento face ao ano anterior, maior aumento desde fevereiro de 2012, mostraram dados oficiais nesta quarta-feira, enquanto as exportações caíram inesperadamente 1,3 por cento.
Isso deixou o país com um déficit comercial de 9,15 bilhões de dólares para o mês, informou a Administração Geral de Alfândega.
O déficit inesperado acontece no momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, eleva a atenção para o persistente e grande superávit comercial da China com os Estados Unidos. Em entrevista à Reuters no mês passado, Trump declarou a China a "grande campeã" da manipulação cambial para tornar as suas exportações mais baratas.
Muitos analistas, entretanto, atribuem o raro déficit a distorções provocadas pelas celebrações do Ano Novo Lunar, que começou no final de janeiro este ano mas caiu em fevereiro em 2016. Muitas empresas fecham por uma semana ou mais e a produção industrial e operações nos portos podem ser afectadas de forma significativa.
"Todos os déficits desde 2005 têm sido ou no mês do Ano Novo Lunar ou em um dos meses próximos à data do Ano Novo Lunar", escreveu numa nota o economista-chefe do ING Tim Condon.
Ainda assim, os dados combinados de janeiro e fevereiro mostram que o comércio da China subiu 13,3 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, sugerindo uma melhoria real na procura doméstica e externa.
Os analistas consultados pela Reuters esperavam que as exportações chinesas subissem 12,3 por cento, com as importações aumentando 20 por cento, produzindo um superávit comercial de 25,75 bilhões de dólares em fevereiro.
(Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)