BERLIM, 22 Fev (Reuters) - O clima de negócios na Alemanha registou uma melhoria inesperada em Fevereiro, atingindo o nível mais elevado em mais de cinco anos, situação que parece confirmar um bom começo de ano para a maior economia da Europa.
Os números, publicados esta quarta-feira pelo instituto Ifo, são outro sinal de que o crescimento na zona do euro está a aumentar apesar do aumento dos riscos políticos, como as próximas eleições em França e a incerteza sobre as políticas comerciais do presidente dos EUA, Donald Trump.
"Aparentemente, os planos proteccionistas de Trump não perturbam as empresas no longo prazo", referiu Alexander Krueger, economista do Bankhaus Lampe, acrescentando que o índice Ifo aponta para um forte crescimento económico no primeiro trimestre do ano.
O instituto Ifo, com sede em Munique, revela que o seu índice de clima de negócios, baseado num inquérito mensal a cerca de 7.000 empresas, subiu para 111,0 em relação a uma leitura revista em alta de 109,9 em Janeiro. Este número bateu a previsão da Reuters, que apontava para um recuo par os 109,6 pontos.
A avaliação da actual situação nos negócios atingiu o nível mais alto desde Agosto de 2011. As empresas também expressam maior optimismo em relação aos próximos meses. Nem as políticas de Trump nem o Brexit têm afectado a economia alemã ou o ambiente nas salas de reuniões das empresas, disse o economista da Ifo, Klaus Wohlrabe. "A economia alemã está surpreendentemente em grande forma em tempos politicamente incertos", acrescentou.
O inquérito mostra que o optimismo melhorou sobretudo nos sectores da indústria transformadora e grossista. Na área da construção civil e do retalho, os empresários mostraram-se menos optimistas.
No início deste mês, notícias deram conta de um aumento de encomendas industriais na Alemanha, registando-se o maior aumento mensal em cerca de 2 anos e meio. Um aumento impulsionado principalmente pela maior procura no país e no estrangeiro de materiais necessários para a produção.
A economia alemã cresceu 1,9 por cento em 2016, a taxa mais forte em cinco anos, impulsionada pelo aumento do consumo privado, aumento dos gastos do Estado em estradas, no apoio aos refugiados e ao aumento do investimento no sector da habitação.
Para o ano de 2017, o governo alemão prevê uma taxa de crescimento mais fraca, na ordem dos 1,4 por cento, porque haverá mais feriados e porque o volume das exportações tende a subir menos do que o das importações.
Por sua vez, o Bundesbank referiu no seu último relatório mensal que a economia alemã vai continuar sólida nos próximos, meses graças à forte actividade nas áreas da indústria e da construção.
(Reportagem de Michael Nienaber; traduzido por Daniel Lourençoem Gdynia; editado por Sérgio Gonçalves em Lisboa)