LISBOA, 18 Abr (Reuters) - O défice da Balança Corrente de Portugal agravou 94 pct para 766 milhões de euros (ME) nos primeiros dois meses de 2018, face ao período homólogo, com a melhoria do superavite da balança de serviços, suportada na consolidação do crescimento do turismo, contrariada pelo agravar do défice da balança de bens, segundo dados do Banco de Portugal (BP).
A balança corrente resulta da soma da balança comercial, com o investimento externo e transferências líquidas. Um valor positivo mostra que um país é credor líquido face ao exterior.
Nos primeiros dois meses do ano, o saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital fixou-se em -556 ME, o que compara com -159 ME em igual período de 2017.
"Para esta evolução contribuíram todas as componentes da balança corrente e de capital, com excepção da balança de serviços", referiu o banco central.
Explica que, quando comparada com igual período de 2017, a balança de bens e a balança de serviços tiveram evoluções distintas, com a primeira a aumentar o défice em 362 ME e a segunda a aumentar o excedente em 259 ME, essencialmente devido à rubrica de viagens e turismo, cujo saldo passou para 929 ME, de 757 ME antes.
O Banco de Portugal realçou ainda que até Fevereiro, as exportações de bens e serviços cresceram 8,3 pct -- 8,3 pct nos bens e 8,5 pct nos serviços -- ficando abaixo dos 9,0 pct registados nas importações -- 10,5 pct nos bens e 2,1 pct nos serviços.
"Em resultado, a balança de bens e serviços aumentou o défice para 403 ME, que compara com 299 ME no ano anterior", frisou.
O défice da balança de rendimento primário aumentou 120 ME para 342 ME, sobretudo devido à redução de rendimentos de investimento recebidos do exterior.
O saldo da balança financeira registou uma redução dos activos líquidos de Portugal sobre o exterior no valor de 828 ME, um decréscimo que resultou, "essencialmente, da redução dos depósitos do Banco Central junto de entidades não residentes e do investimento de não residentes em títulos de dívida pública portugueses".
"De notar, também, o aumento de depósitos de entidades não residentes em bancos, mais que compensado pelo investimento em títulos de dívida, emitidos por não residentes, por outras entidades do sector financeiro. De referir ainda o reembolso antecipado ao FMI, pelas administrações públicas, no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira", vincou o BP.
(Por Patrícia Vicente Rua Editado por Sérgio Gonçalves)