Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi
FRANKFURT, 9 Mar (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) prometeu esta quinta-feira manter sua agressiva política de estímulo, pelo menos até ao final do ano, argumentando que as pressões inflacionistas na Zona Euro permanecem fracas, apesar das expectativas de aumento mais rápido dos preços.
Ainda que esperada, a decisão mostrou que a liderança do BCE resiste aos pedidos da Alemanha para começar a reduzir o esquema de compras de títulos, ou ao menos sinalizar a intenção de fazer isso, uma vez que o crescimento e a inflação recuperam.
Em vez disso, o BCE manteve seu plano de continuar com as compras até Dezembro. Também prometeu manter as taxas de juros nos níveis atuais e em mínimos recorde até bem depois disso, ou mesmo cortá-las se necessário.
"Se o cenário se tornar menos favorável, ou se as condições financeiras se tornarem inconsistentes com a trajetória da inflação, o Conselho permanece pronto para aumentar o programa em termos de tamanho e/ou duração", disse o BCE em comunicado.
Justificando a postura, o presidente do BCE, Mario Draghi, apresentou aumentos nas expectativas de inflação para este ano e para o próximo, mas argumentou que isso não altera o cenário geral.
"Ainda não há sinal de uma tendência convincente de subida da inflação", disse aos jornalistas, acrescentando que a inflação -- que atingiu a meta de quase 2 pct no mês passado -- deve subir "apenas gradualmente" no médio prazo.
O BCE agora vê a inflação em 1,7 pct este ano contra a estimativa anterior de 1,3 pct e a 1,6 pct no próximo ano, contra estimativa anterior de 1,5 pct.
O BCE deve reduzir o ritmo de compras de títulos em um quarto a partir do próximo mês, mas continuará as compras até ao final do ano, ou para além disso se achar que a inflação está abaixo da meta.
Mas quase uma década depois de iniciadas as preocupações no bloco, a economia da zona do euro parece estar em melhor forma. Draghi anunciou ligeiros aumentos nas perspectivas de crescimento da zona euro, agora estimada em 1,8 pct este ano e 1,7 pct no próximo.
Segundo uma poll da Reuters, os economistas realçaram que o próximo passo do BCE será ou uma mudança em sua orientação no segundo semestre deste ano ou uma redução gradual nas compras de ativos em 2018.
Na reunião desta quinta-feira, o BCE manteve a taxa de depósito, sua principal taxa de juro, em -0,4 pct. A principal taxa de refinanciamento ficou em zero pct, enquanto a taxa de empréstimo foi mantida em 0,25 pct.
(Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua)