LISBOA, 20 Fev (Reuters) - A balança corrente de Portugal teve um excedente de 1.556 milhões de euros (ME) em 2016, mais de 12 vezes superior aos 124 ME de superávit em 2015, ajudada pela melhoria da balança de bens e serviços, como os ligados ao turismo, segundo dados do Banco de Portugal.
A balança corrente resulta da soma da balança comercial, com o investimento externo e transferências líquidas. Um valor positivo, ou seja, um excedente, mostra que o país é credor líquido face ao exterior.
Portugal registou excedentes da balança corrente desde 2013. Antes, o país tinha registado duas décadas de défices desta balança.
O saldo conjunto da balança corrente e de capital foi positivo em 1.556 ME no ano passado.
"No conjunto dos serviços note-se a evolução da rubrica 'Viagens e turismo', cujo saldo passou de 7.839 ME em 2015 para 8.831 ME em 2016", referiu o Banco de Portugal, em comunicado.
O défice da balança de rendimento primário, de 3.982 ME , diminuiu 565 ME em relação ao período homólogo, em resultado do aumento dos subsídios recebidos da União Europeia e da diminuição dos rendimentos de investimento de carteira e do outro investimento pagos a não residentes.
O excedente da balança de capital diminuiu 511 ME, "por influência dos fundos recebidos da União Europeia que se destinam a investimento".
O saldo da balança financeira viu o aumento dos ativos líquidos de Portugal sobre o exterior no valor de 3142 ME).
"Para esta evolução contribuíram a amortização de títulos do tesouro detidos por não residentes e o reembolso parcial antecipado dos empréstimos obtidos do FMI no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira", explicou o BP.
A 15 de Fevereiro, o Governo reviu em baixa a previsão do défice público português em 2016 para um valor não superior a 2,1 pct do Produto Interno Bruto (PIB), o mais baixo em 42 anos, face à anterior estimativa de igual ou inferior a 2,3 pct, que já estava duas décimas abaixo do exigido por Bruxelas.
A dívida pública bruta de Portugal fixou em 129,7 pct do PIB no final de 2016, incluindo os 2.700 ME para a próxima recapitalização da estatal Caixa Geral de Depósitos.
O Executivo prevê que a dívida pública bruta caia para 128,3 pct do PIB no fim de 2017. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)