Por Goncalo Almeida
LISBOA, 4 Jun (Reuters) - O Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal deveria ter crescido 4,5 pct e não 2,1 pct no primeiro trimestre do ano, disse o Fórum para a Competividade, revendo em baixa a sua estimativa do crescimento da economia nacional para o resto do ano, penalizada pela queda da produtividade.
"Com o emprego a crescer a 3,2 pct, o PIB deveria estar a crescer a 4,5 pct e não 2,1 pct, porque a produtividade deveria estar a crescer", disse o Fórum para a Competividade, na nota de conjutura de Maio.
Acrescentou que "um dos aspectos mais negativos desta evolução é que se registou de novo uma queda da produtividade, com o PIB a crescer menos do que o emprego, devido à baixa qualidade dos empregos criados".
No primeiro trimestre de 2018, a taxa de desemprego diminuiu para 7,9 pct, face a 9,1 pct no trimestre homólogo. Este é agora o valor mais baixo desde o primeiro trimestre de 2009 e muito próximo dos 7,2 pct registados antes de se ter instalado a crise internacional.
O Fórum para a Competividade reviu ainda em baixa a sua estimativa para este ano do PIB para entre 2 pct a 2,3 pct, de 2,2 pct a 2,5 pct revistos anteriormente.
"No primeiro trimestre o PIB de Portugal desacelerou de 2,4 pct para 2,1 pct, como esperado, mas com perspectivas de novos abrandamentos, pelo que actualizamos a nossa estimativa para entre 2 pct e 2,3 pct para o conjunto do ano", acrescentou.
Segundo a nota elaborada pelo Gabinete de Estudos do Fórum para a Competitividade, o PIB deverá manter o abrandamento durante o segundo trimestre deste ano.
O Índice de Custo do Trabalho caiu 1,5 pct, quando no trimestre precedente tinha subido 3,8 pct, sendo a descida "generalizada a todos os setores, com exceção da indústria, onde houve estagnação dos custos", de acordo com a nota divulgada.
"A contenção salarial em simultâneo com uma queda continuada da taxa de desemprego é uma boa notícia para a competitividade da economia (os salários representam metade do PIB, não são um custo insignificante como muitos erradamente supõem), mas também um pouco surpreendente", acrescentou.
"Uma explicação possível é que as empresas ainda têm memória da necessidade e quase impossibilidade de baixar salários durante a crise e não querem aumentar estes custos, que são praticamente irreversíveis", conclui.
(Por Gonçalo Almeida Editado por Sérgio Gonçalves)