No passado dia 26 de Abril, o U.S. Census Bureau divulgou os dados mais recentes relativos à venda de novos imóveis nos Estados Unidos da América em Março de 2022.
De acordo com o averiguado em conjunto com o departamento norte-americano de alojamento e planeamento urbano, o número de novas casas vendidas em Março de 2022 ficou aquém das expectativas, tendo atingindo um total de 763.000 casas quando era estimado que alcançasse pelo menos os 765.000.
Terceiro mês em queda
Tendo em conta os números alcançados no mês anterior, os presságios não são os mais favoráveis. Em Fevereiro de 2022 tinham sido adquiridas cerca de 835.000 novas casas, ou seja menos 72.000 casas (ou – 8,6%) em comparação com as 763.000 casas vendidas durante todo o passado mês de Março.
source: tradingeconomics.com
É o 3º mês seguido em que as vendas de novas casas diminuem. E, em Março de 2022, diminuíram em todas as 4 regiões dos Estados Unidos: Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Oeste.
Comparando estes números com os de Março do ano passado, a situação afigura-se ainda mais crítica. No mesmo mês de 2021 foram vendidas 873.000 novas casas nos Estados Unidos da América – dois meses depois do pico mais alto desde 2006, ocorrido em Janeiro de 2021, no qual foram vendidas 993.000 novas habitações.
Vendas diminuem, preços sobem
No entanto, apesar da diminuição no número de casas alienadas em Março de 2021 comparando com Março de 2022, o preço mediano de cada casa vendida subiu cerca de 21,4% de um ano para o outro, estando situado nos 359.600 USD em 2021 e aumentando para os 436.000 USD em Março de 2022.
A subida dos preços e o abrandar das aquisições de casas sem qualquer inquilino anterior poderão ter como principais causas:
- O acumular-recorde de casas aprovadas mas cuja construção ainda não começou enquanto os construtores se digladiam com a escassez de recursos e a subida de preços provocada pela inflação e o panorama geo-político internacional;
- O facto da Reserva Federal, o banco central dos Estados Unidos, ter aumentado as taxas de juro em 0,25% – o primeiro aumento em cerca de 3 anos – e estar ainda a ponderar um aumento até 0,50% – o que impactará as taxas de juro relativas ao crédito hipotecário e dificultará o seu acesso.
Apesar destes dois factores, devido a mais um recorde – desta vez relativo à escassez no mercado da oferta de casas já previamente construídas e com anteriores proprietários – os economistas estimam que factores como a subida das taxas de juro e a subida dos preços das casas terão apenas um impacto moderado no volume de vendas de novas casas durante os próximos meses.
Adicionalmente, estima-se que persista um forte crescimento no preço das casas até meados de 2023, pelo que é expectável que a situação não se altere tão brevemente.
Porque é que isto importa?
As vendas de novas casas são um dos indicadores principais relativamente ao estado do mercado imobiliário devido ao facto de apenas serem contabilizadas quando um contrato é assinado e poderem fornecer uma leitura antecipada do impacto que as taxas de juro poderão provocar na procura em todo o setor.
Além disso, ao contrário das casas já existentes, a venda (que inclui a construção) de uma nova casa é um considerável motor de crescimento económico, pois não só aborda a procura da população por novas casas – que significa a disponibilidade monetária de as adquirir, ou seja, um sinal de uma economia saudável – omo para a construção de casa são empregados vários ofícios diferentes (electricistas, canalizadores, carpinteiros, imobiliários, entre outros) onde cada transacção efectuada terá depois um efeito cascata por toda a economia do país.
Por estes motivos, e não só, a venda de novas casas é um indicador que está a par das taxas de desemprego, do PIB, e da inflação para indicar aos economistas o estado da economia de um país e, de modo geral, quanto maior e mais consistente for este número, mais saudável e forte aparentará estar a economia de um país.