Por Sergio Goncalves
LISBOA, 6 Mar (Reuters) - A ARC Ratings manteve a notação financeira de Portugal em 'grau de investimento' 'BBB-' e melhorou a perspectiva para 'estável' de 'negativa', com o acelerar do crescimento na segunda metade do ano e os resultados na consolidação orçamental, anunciou a agência de rating.
Adiantou, em comunicado, que "Portugal - e, mais amplamente, a União Europeia (UE) - teve um segundo semestre de 2016 muito mais forte do que o esperado - as expectativas entre 1 pct e 1,2 pct, que eram consensuais em setembro, foram substituídas por um crescimento de 1,9 pct", dando uma base forte para 2017.
Explicou que a retoma foi "baseada na resiliência surpreendente da economia europeia aos múltiplos choques sofridos no segunda metade do ano, especialmente o Brexit".
Realçou que há também uma "crença crescente entre os agentes económicos de Portugal que a solução do governo é durável e, mais importante, que o governo tem uma abordagem pragmática quanto à consolidação orçamental e quanto à manutenção da maioria das reformas económicas relevantes".
"A ARC Ratings alterou a perspectiva para estável de negativa do rating 'BBB-' de Portugal", referiu a ARC, que manteve assim a notação financeira do país - não solicitada - um nível acima de 'lixo'.
O Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal cresceu 0,6 pct no quarto trimestre de 2016 face ao trimestre anterior, suportado pelo investimento que deixou de cair e teve um crescimento trimestral de 5 pct, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O INE adiantou que o PIB português teve um crescimento homólogo de 2,0 pct entre Outubro e Dezembro de 2016, permitindo que o Produto crescesse 1,4 pct no conjunto do ano passado. O Governo prevê que o PIB cresça 1,5 pct em 2017.
A 15 de Fevereiro, o Governo reviu em baixa a previsão do défice público português em 2016 para um valor não superior a 2,1 pct do Produto Interno Bruto (PIB), o mais baixo em 42 anos, face à anterior estimativa de igual ou inferior a 2,3 pct, que já estava duas décimas abaixo do exigido por Bruxelas.
Em 2015, o défice português situou-se em 4,4 pct do PIB, penalizado pelo resgate do banco Banif. Para 2017, o Governo prevê que o défice público caia para 1,6 pct do PIB.
MAIS CONFIANÇA
A ARC Ratings destacou a "a continuação melhoria dos níveis de confiança, emprego e rendimento disponível que levou ao aumento do crescimento do consumo, mas muito mais limitado do que o inicialmente previsto pelo governo, e do investimento".
"Além disso, os resultados obtidos na frente orçamental aumentaram o apoio dos parceiros da UE e das instituições a Portugal", referiu a ARC Ratings.
Adiantou que as exportações provaram ter capacidade de resistência significativa à queda do mercado angolano e o turismo continuou sua "trajectória muito positiva".
"Para 2017 e 2018 o crescimento deverá subir acima de 1,5 pct, com base na melhoria do investimento e das exportações".
"Isto significa o retorno do crescimento do PIB a um nível - quantitativa e qualitativamente - muito mais compatível com o (actual) nível de rating de Portugal, que juntamente com a provada resiliência do governo, pragmatismo e compromisso com a consolidação fiscal e o consequente apoio dos pares da UE e instituições justifica a mudança de perspectiva".
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)