Por Goncalo Almeida
LISBOA, 20 Fev (Reuters) - A economia portuguesa está mais resiliente mas o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) vai desacelerar para 1,7 pct em 2019 contra 2,1 pct em 2018, com o enfraquecimento da procura externa e o abrandamento do 'boom' do turismo, segundo a agência de rating Moody's.
A estimativa da agência de notação financeira para o crescimento do PIB para 2019 está alinhada com a da Comissão Europeia, embora seja cinco décimas inferior à do Governo.
A Moody's prevê que o défice público português se fixe nos 0,6 pct do PIB este ano, 0,4 pontos percentuais (pp) acima do estimado pelo Governo. O défice público terá fixado em 0,6 pct em 2018, segundo a mais recente estimativa do ministro das Finanças.
"O crescimento está a abrandar, mas a economia portuguesa tornou-se mais resiliente. Portugal está a experienciar uma desaceleração do dinamismo económico, suportado pelo enfraquecimento da procura externa e do turismo", disse a agência, numa nota.
Acrescentou que "de uma taxa de 2,8 pct em 2017, o crescimento moderou para 2,1 pct no ano passado, com as exportações líquidas respondendo por uma contribuição negativa de 0,4 pp nos três primeiros trimestres".
"Embora o mercado de trabalho continue a melhorar, o ritmo de criação de empregos moderou e a taxa de desemprego harmonizada está a diminuir a um ritmo mais moderado, situando-se em 6,7 pct em Dezembro de 2018 - um mínimo histórico de Portugal desde 2002", disse.
A Moody's alerta que as pressões para o aumento de salários na função pública são um entrave para a redução da dívida pública suportada pela obtenção de excedentes orçamentais primários elevados.
"Projetamos um défice de 0,6 pct, o que reflete a nossa expectativa que o crescimento irá desacelerar este ano – com indicações para as receitas fiscais e contribuições da segurança social – e permanece alguma pressão, particularmente nos custos dos salários públicos, na despesa corrente", acrescentou.
Uma melhoria do actual 'rating' de Baa3 poderá acontecer caso Portugal, com base nas melhorias económicas e orçamentais que permitem o país aproximar-se dos países com dívida com 'rating' Baa, implemente "reformas macroeconómicas robustas para fazer face aos constrangimentos da economia".
No entanto, "uma reversão das anteriores reformas – incluindo pensões ou reformas do mercado laboral – também pressionaria para baixo o 'rating' de Portugal", realça a agência.
(Por Goncalo Almeida; Editado por Sérgio Gonçalves)