LISBOA, 31 Ago (Reuters) - A economia de Portugal cresceu em cadeia uns anémicos 0,3 pct no segundo trimestre de 2016, com a fraca procura interna a perder fôlego face ao primeiro trimestre, mas as exportações líquidas a darem um contributo positivo, segundo o Instituto Nacional de Estatística, que reviu em leve alta a sua estimativa anterior.
O INE referiu, numa segunda leitura, que o Produto Interno Bruto (PIB) português cresceu 0,9 pct entre Abril e Junho de 2016, comparando com o período homólogo de 2015, mas muito aquém do crescimento que seria necessário para o Governo socialista atingir a meta de um crescimento de 1,8 pct em 2016.
Em 12 de Agosto, numa estimativa rápida, aquele Instituto previa que o PIB do segundo trimestre de 2016 tivesse crescido 0,2 pct em cadeia, ou seja comparando com o primeiro trimestre, e estimou um crescimento homólogo de 0,8 pct.
"Comparativamente com o primeiro trimestre de 2016, o PIB aumentou 0,3 pct em termos reais, versus 0,2 pct nos dois trimestres anteriores", disse o INE.
Contudo, explicou que "a procura interna registou um contributo de 0,2 pontos percentuais (pp) para a variação em cadeia do PIB contra 0,6 pp no trimestre precedente, observando-se um ligeiro crescimento das três componentes, consumo privado, consumo público e Investimento.
"A contribuição da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB foi 0,1 pp, face ao contributo de -0,4 pp no trimestre anterior, verificando-se um crescimento das Exportações de Bens e Serviços mais intenso que o das Importações de Bens e Serviços", disse.
No Orçamento de Estado, o Governo português estimou que o PIB de Portugal crescesse 1,8 pct em 2016, face a 1,5 pct em 2015, mas o Ministro das Finanças, Mário Centeno, tem realçado que pode cortar esta estimativa sobretudo devido à expectativa de degradação da envolvente externa após o 'Brexit'.
Esta previsão governamental tem sido contrariada por organismos externos e nacionais, prevendo o Fundo Monetário Internacional (FMI) que a economia portuguesa cresça apenas 1 pct em 2016.
O INE explicou que o "contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB diminuiu, passando de 1,7 pp no trimestre precedente para 0,6 pp, refletindo sobretudo o crescimento menos intenso do consumo privado e a redução mais expressiva do Investimento".
"O contributo da procura externa líquida aumentou para 0,2 pp (no primeiro trimestre de 2016 tinha-se registado um contributo negativo de 0,7 pp), verificando-se uma desaceleração das Importações de Bens e Serviços mais acentuada que a verificada nas Exportações de Bens e Serviços".
Apesar de, em 25 de Agosto, o Ministério das Finanças ter anunciado que Portugal cortou 10 pct o défice público nos sete meses de 2016, melhor que o previsto no OE para 2016, os analistas têm alertado que o tímido crescimento económico é um obstáculo perigoso a uma boa execução orçamental.
A 9 de Agosto, o Conselho Europeu decidiu não multar os dois países ibéricos por terem tido um défice excessivo em 2015, dando um ano adicional a Portugal, ou seja até ao final de 2016, para reduzi-lo para 2,5 pct do PIB, ainda assim acima dos 2,2 pct previstos no Orçamento de Estado para o corrente ano.
Em 2015, o défice público português fixou-se em 4,4 pct do PIB, penalizado pelo resgate do Banif no final daquele ano. Excluindo este e outros efeitos 'one off', o défice ficou em 3,2 pct, ainda acima do tecto de 3 pct fixado pelas regras do procedimento dos défices excessivos.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)