LISBOA, 20 Jan (Reuters) - A Universidade Católica reviu em baixa a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, prevendo uma contracção de 2% este ano, em contraciclo com a previsão do Governo, devido ao regime de confinamento severo que o país vive, vendo o regresso da economia nacional ao crescimento apenas em 2022.
"A razão principal para esta revisão é a entrada em vigor de um regime de confinamento severo anunciado pelo Governo a 13 de Janeiro. Aquilo que era um evento de probabilidade importante, mas baixa, tornou-se uma certeza", referiu a Católica.
Explicou que "esta previsão assume que a economia em 2021 deverá andar ao nível do terceiro ou quarto trimestres de 2020 se for possível aliviar as medidas de confinamento, mas baixará para valores não muito melhores do que os observados no segundo trimestre do ano passado em confinamentos semelhantes ao que está atualmente em vigor".
O Forecasting Lab/NECEP da Universidade Católica estima que no quarto trimestre de 2020, a variação homóloga do PIB deverá ter sido de -9% que corresponde a uma queda de 2,8% em cadeia e a um tombo de 8,4% para o conjunto do ano de 2020.
O governo vê a economia, que é muito dependente do turismo, a crescer 5,4% este ano, acima dos 3,9% previstos pelo banco central, após a queda de 8,5% em 2020, a pior recessão em cerca de um século.
Para 2022, o NECEP estima um crescimento de 4,5% por via da baixa probabilidade de confinamento nesse ano, e de 3,5% em 2023, com o PIB a manter-se 3% abaixo do nível de 2019.
"Em conclusão, a economia portuguesa entra em 2021 num ambiente de elevada incerteza associada à evolução da pandemia, da administração de vacinas e das medidas de confinamento, bem diferente do que se antecipava há poucas semanas", referiu.
Vincou que "o Governo deverá acrescentar alguma incerteza a este quadro complexo por via do seu comportamento imprevisível e hesitante".
No terceiro trimestre de 2020, a economia portuguesa cresceu 13,3% em relação ao trimestre anterior, mas contraíu 5,7% em relação ao ano anterior.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga o PIB preliminar do quarto trimestre a 2 de Fevereiro.
(Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)