Por Scott Malone
BOSTON, 25 Out (Reuters) - O tom excepcionalmente negativo da campanha deste ano à Presidência dos Estados Unidos está a desanimar os jovens norte-americanos e a afastá-los do processo democrático, no momento em que a geração do milénio se tornou um bloco de eleitores possivelmente tão grande quanto o de filhos do pós-guerra.
Pesquisas da Reuters/Ipsos mostram que os norte-americanos de 18 a 34 anos de idade estão menos inclinados a votar para a Presidência neste ano do que os seus colegas comparativamente "velhos" estavam em 2012. Alguns cientistas políticos temem que esta eleição possa abalar toda uma geração de eleitores, fazendo com que seja menos provável que votem no futuro.
Os jovens norte-americanos da direita e da esquerda vêm encontrando razões de insatisfação com as suas escolhas neste ano.
O senador Bernie Sanders reuniu um séquito entusiasmado de pessoas mais jovens antes de perder as primárias democratas para a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Do lado republicano, alguns não estão dispostos a votar em Donald Trump, citando a retórica às vezes grosseira do empresário de Nova York a respeito de mulheres, minorias e imigrantes.
No início do ano, Brandon Epstein, que fez 18 anos nesta segunda-feira, estava ansioso para dar o seu primeiro voto a Sanders. Agora, o morador do condado de Suffolk, no subúrbio de Nova York, não pretende ir às urnas no dia 8 de Novembro.
"É por causa da selecção dos candidatos. Eu acho-os não só abaixo da média, mas anormalmente abaixo da média", disse Epstein, aluno do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, Massachusetts. "Alguma coisa saiu terrivelmente errada".
Esse sentimento é amplamente reflectido nos dados de sondagens que mostram que os jovens norte-americanos estão menos entusiasmados com as suas escolhas para Novembro do que estavam há quatro anos atrás, quando o presidente democrata Barack Obama enfrentou um desafio para se reeleger diante do republicano Mitt Romney.
Cerca de 52,2 por cento dos entrevistados de 18 a 34 anos disseram à Reuters/Ipsos que têm certeza ou quase certeza de que irão votar - em 2012 56,1 por cento relataram esse nível de certeza.
O inquérito nacional foi realizado online e em inglês em todos os 50 Estados do país. A sondagem entrevistou 3.088 pessoas entre 18 e 34 anos, nos dias 1 a 17 de outubro, e 2.141 pessoas da mesma faixa etária que responderam à sondagem nos mesmos dias de 2012, e tem uma margem de erro de 2 pontos percentuais para os dois grupos.
"Esta geração (do milénio) nunca confiou no Governo, Wall Street ou nos media ainda menos", disse John Della Volpe, diretor de sondagens do Instituto de Política da Universidade Harvard.
"Isso provavelmente irá resultar numa afluência de menos de 50 por cento, e entre aqueles que comparecerem ainda há um cinismo profundo quanto ao impacto de seu voto, se irá fazer diferença ou não". (Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)