LISBOA, 14 Dez (Reuters) - O Banco de Portugal reviu em leve alta a previsão de crescimento da economia portuguesa para 1,2 pct em 2016 e projecta uma aceleração para 1,4 pct em 2017, apoiada na robustez das exportações e no reforço do investimento empresarial, anunciou o banco central no Boletim Económico de Dezembro.
A expansão agora estimada para 2016 é um décima acima da divulgada em Outubro e em linha com a previsão do Governo.
A taxa de desemprego é vista recuar para 10,1 pct em 2017, de 11 pct este ano, enquanto a inflação, medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor, é vista subir para 1,4 pct no próximo ano, de 0,8 pct.
O Banco de Portugal referiu que a trajectória de crescimento será inferior à da zona euro.
"Esta ausência de convergência real face à área do euro reflete a persistência de constrangimentos estruturais ao crescimento da economia portuguesa", frisou.
"Assumem uma relevância especial os elevados níveis de endividamento dos setores público e privado, uma evolução demográfica desfavorável e a persistência de ineficiências nos mercados do trabalho e do produto que requerem a continuação do processo de reformas estruturais"
Pela positiva, após um abrandamento em 2016, prevê que a procura externa acelere ao longo do horizonte de projeção, embora com um dinamismo inferior ao observado no período anterior à crise financeira internacional.
"Adicionalmente, as condições monetárias e financeiras deverão manter-se globalmente acomodatícias. Por seu turno, o preço das matérias-primas, quer energéticas quer não energéticas, deverá inverter no horizonte de projeção a trajetória de queda dos anos recentes", referiu o banco central.
"O maior dinamismo da economia portuguesa face a 2016 será sustentado por uma aceleração da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), baseada numa recuperação do investimento empresarial".
De uma variação negativa em 1,7 pct da FBCF, esta é vista expandir 4,4 pct em 2017.
O Banco de Portugal estima que no final de 2019, o nível do PIB se situe em valores próximos dos observados em 2008, ano de início da crise financeira internacional.
"É importante continuar a aprofundar o processo de reformas estruturais, aumentando os incentivos à inovação, à mobilidade de fatores e ao investimento em capital físico e humano, criando condições para um aumento sustentado da produtividade e do potencial de crescimento da economia", vincou.
O Governo, no Orçamento de Estado de 2017, estima uma expansão de 1,5 pct da economia em 2017, de 1,2 pct em 2016.
"A prossecução de um esforço adicional de consolidação orçamental é crucial para que o nível de endividamento público apresente uma trajetória descendente sustentada e robusta a choques adversos", segundo o Banco de Portugal.
"A natureza temporária do atual conjunto alargado de medidas não convencionais de política monetária na área do euro reforça a importância e urgência de progressos estruturais nestas várias dimensões". (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)