Por Sergio Goncalves
LISBOA, 27 Abr (Reuters) - Portugal está a atravessar um 'momentum de rating' positivo, com as agências de notação financeira a reconhecerem os progressos significativos do modelo económico baseado na gestão equilibrada das contas públicas e promoção de um crescimento sustentável, segundo o Ministério das Finanças.
"Portugal virou decisivamente a página da crise. A estratégia bem-sucedida de crescimento equilibrado e inclusivo explica o momentum de rating positivo" afirmou o ministro das Finanças, Mário Centeno.
Em comunicado, as Finanças explicaram que "a Moody's actualizou em alta o seu intervalo de rating para a dívida portuguesa, para Baa1-Baa3, colocando-o dentro do nível de Investimento e acima do notação de rating atribuída actualmente".
Lembrou que "este intervalo reflecte a aplicação da metodologia de ratings de soberanos da agência, mas não implica uma alteração automática da própria notação, a qual é definida com base numa decisão colegial".
Em setembro do ano passado, a Moody's atribuiu uma perspetiva positiva ao rating Ba1 de Portugal, tendo referido que num prazo entre 12 e 18 meses se voltaria a pronunciar.
Entretanto as agências Standard & Poor's e a Fitch decidiram subir o rating de Portugal – a Fitch elevou mesmo o rating em dois patamares. Também a DBRS, na sua mais recente avaliação, colocou a notação da dívida portuguesa um grau acima do nível de investimento mínimo.
"O movimento das principais agências de rating mostra um reconhecimento abrangente dos progressos significativos do modelo económico português, baseado na gestão equilibrada das contas públicas e na promoção de um crescimento sustentável", disse o Ministério das Finanças.
Portugal está a passar pela sua fase de crescimento mais forte desde o início do século, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) crescido 2,7 pct em 2017, acima dos 2,6 pct previstos pelo Governo e contra 1,5 pct em 2016.
No Programa de Estabilidade, o Governo estima que a economia portuguesa cresça 2,3 pct tanto em 2018 como em 2019 e em 2020, projectando crescimentos de 2,2 pct em 2021 e 2,2 pct em 2022.
O Instituto Nacional de Estatística anunciou, em 26 de Março, que o défice de Portugal de 2017 se fixou em 3 pct do PIB incluindo a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, em cima do limite da União Europeia (UE), mas retirando este impacto extraordinário caiu para metade nos 0,92 pct.
O Governo prevê que o défice caia para 0,7 pct em 2018 e para 0,2 pct em 2019, estimando um excedente de 0,7 pct do PIB em 2020, que será reforçado depois.
Ontem, as Finanças anunciaram que o défice público de Portugal caiu 3,6 pct para 377 milhões de euros (ME) no primeiro trimestre de 2018, com as receitas fiscais a subirem 6 pct apesar do aumento de 10 pct nos reembolsos, suportadas no sólido crescimento económico e na criação de emprego.
Adiantou que o excedente primário ascendeu a 1.742 ME entre Janeiro e Março de 2018, "tendo aumentado 272 ME relativamente a 2017".
Explicou que, "quando corrigidos os factores especiais que afectam positiva e negativamente as contas públicas, esta evolução está em linha com o previsto no Orçamento de Estado para 2018".
(Por Sérgio Gonçalves)