Por Patricia Vicente Rua
LISBOA, 26 Abr (Reuters) - A apreciação do dólar, aliada ao aumento dos custos das matérias-primas e a uma colheita de vinho historicamente baixa, terão impacto nos resultados da líder mundial na transformação de produtos de cortiça, Corticeira Amorim (LS:CORA), disse o Chief Executive Officer.
Acrescentou que prevê investir este ano 50 milhões de euros (ME) no reforço de capacidade.
"Este ano temos pela frente alguns desafios. Temos uma evolução das matérias-primas, do dólar, temos uma campanha de vinho e uma colheita em 2017 historicamente baixa, em termos de produção de vinho, e isso afecta os nossos clientes e há-de afectar, de alguma forma, a nossa actividade", explicou António Rios Amorim.
"Durante os próximos dois anos vamos ter algum impacto, porque vender com o dólar a 1,11 e a 1,21 não é a mesma coisa para quem tem uma exposição em dólares como nós temos", frisou, à margem da comemoração dos 30 anos da empresa em Bolsa.
Realçou, contudo, que para mitigar este impacto, a Corticeira vai continuar a apostar na inovação e desenvolvimento e vai consolidar as aquisições feitas em 2017 que "pensamos podem ter maior e melhor contributo para 2018".
"Temos aspectos que podem pesar na conta de resultados e outros que vamos aproveitar para capitalizar, como as aquisições e o 'stock' de matérias-primas", explicou o CEO.
Em 2017, a Corticeira Amorim comprou, por três ME, a francesa S.A.S. Sodiliège, que produz e distribui rolhas capsuladas para bebidas alcoólicas e espirituosas, como conhaque e armanhaque e 70 pct da sueca Elfverson, produtora de tops de madeira de alta qualidade para rolhas capsuladas, por 5,5 ME.
Adquiriu ainda 60 pct da Etablissements Christian Bourrassé, pelo montante de 29 ME.
"Relativamente a novas aquisições, isso é algo que trabalhamos constantemente. Não sei se conseguiremos fechar alguma operação ou não. Vamos tentar concretizar alguma coisa este ano", vincou.
INVESTE 50 ME
A empresa tem previsto investir este ano 50 ME, essencialmente no reforço das instalações e capacidade.
"Estamos a construir uma fábrica nova de distribuição de rolhas em Napa Valley, estamos a aumentar a capacidade de rolhas para espumantes, champanhes, espumosos, todo este tipo de produto.", referiu.
Acrescentou que está ainda a aumentar a capacidade das rolhas para vinhos correntes e reforçar a capacidade do MD-tech.
"Estamos ainda a criar uma fábrica piloto com novas tecnologias para combinar cortiça com outro tipo de materiais, utilizando por exemplo a termo-modelação".
Em 2017, o lucro líquido consolidado da Corticeira Amorim caiu 29 pct para 73 milhões de euros (ME) eme 2017, devido a um 'one-off' relacionado com a venda do US Floors que a empresa contabilizou no ano anterior, apesar de um aumento das vendas, anunciou a empresa.
Adiantou que as vendas da Corticeira Amorim superaram, pela primeira vez, os 700 ME, um crescimento de 9,4 pct face a 2016, em parte, influenciado pela integração das subsidiárias adquiridas em 2017, em especial o Grupo Bourrassé, cuja actividade passou a ser consolidada a partir de 1 de Julho.
O EBITDA subiu 9,2 pct, acompanhando o aumento das vendas, tendo atingido os 133,6 ME. (Por Patrícia Vicente Rua Editado por Sérgio Gonçalves)