Por Patricia Zengerle e Warren Strobel
WASHINGTON, 21 Mar (Reuters) - O director do FBI contestou o presidente dos Estados Unidos na segunda-feira, questionando as alegações do republicano de que o ex-presidente Barack Obama monitorizou a sua campanha eleitoral em 2016, confirmando que a agência iniciou uma investigação criminal sobre possível conluio entre a campanha de Trump e a Rússia.
James Comey disse numa audiência no Congresso que não encontrou nenhum indício que sustente a afirmação de Donald Trump de que Obama ordenou a instalação de escutas na Trump Tower, o seu quartel-general de campanha em Nova York.
No início de março Trump criou polémica ao 'tuitar', sem dar provas, que Obama vigiou a sua campanha durante a disputa presidencial contra a democrata Hillary Clinton.
"Em relação aos 'tweets' do presidente sobre as supostas escutas dirigidas a ele pelo governo prévio, não tenho informações que sustentem esses 'tweets'", disse Comey na audiência do Comité de Inteligência da Câmara dos Deputados.
"E analisámos cuidadosamente dentro do FBI. O Departamento de Justiça pediu-me para compartilhar convosco que a resposta é a mesma para o Departamento de Justiça e todos seus componentes: o departamento não tem informações que sustentem estes 'tweets'".
O comité está a investigar acusações de que a Rússia tentou influenciar a eleição de 2016 invadindo os computadores de funcionários democratas e divulgando dados constrangedores. Moscovo nega estas alegações.
Comey confirmou que o FBI está a averiguar desde julho os possíveis esforços do governo russo para interferir na votação, incluindo quaisquer ligações entre a campanha de Trump e Moscovo.
"Por ser uma investigação aberta, em andamento e ser confidencial, não posso dizer mais sobre o que estamos a fazer e quais as condutas que estamos a examinar", disse o chefe da Polícia Federal dos EUA.
O 'tweet' de Trump sobre as escutas desviou a atenção das alegações sobre a interferência russa.
O presidente colocou no 'tweet' a mensagem em 4 de março, um sábado, dois dias depois do secretário de Justiça, Jeff Sessions - que se havia encontrado com o embaixador da Rússia no último outono norte-americano - dizer que iria afastar-se de qualquer inquérito sobre uma intromissão de Moscovo na eleição.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu) (Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)