LISBOA, 17 Nov (Reuters) - Portugal reembolsou ontem antecipadamente mais uma parcela do caríssimo empréstimo que pediu ao FMI-Fundo Monetário Internacional no resgate de 2011, equivalente a 2.780 milhões de euros (ME), aproveitando as taxas mínimas recorde de emissões em mercado primário para fazer amortizações, anunciou o Ministério das Finanças.
O empréstimo do FMI tem uma taxa 'all in' de 4,2 pct, ou seja um custo muito mais elevado do que os 2,7 pct cobrados pelo EFSM e do que os 1,9 pct cobrados pelo EFSF, sendo também praticamente o dobro da 'yield' a 10 anos à qual Portugal se tem financiado em mercado primário.
O Ministério das Finanças afirmou que, "com este pagamento, ficam liquidados 76 pct do empréstimo do FMI, de 26.300 ME".
"O reembolso antecipado ao FMI contribui decisivamente para a melhoria da sustentabilidade da dívida, reduzindo o custo desta e permitindo, simultaneamente, uma gestão dos pagamentos mais equilibrada e o aumento da maturidade média", afirmou.
"O plano de amortizações antecipadas do FMI continuará a ser implementado em 2018", disse, referindo que, "durante o corrente ano foram já pagos 9.012 ME, o valor máximo amortizado, em termos anuais, até à presente data".
Esta parcela do empréstimo paga ontem vencia-se entre junho de 2020 e maio 2021.
No mercado de secundário, a 'yield' das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB seguem a negociar estabilizadas nos 1,99 pct, muito abaixo dos 4,25 pct de Fevereiro de 2017.
Em 8 de Novembro, o Tesouro de Portugal colocou 1.250 milhões de euros (ME) de Bonds a 10 anos e pagou 1,939 pct, a taxa mais baixa de sempre em mercado primário, beneficiando da acção do BCE e do país estar a prosseguir a trajectória do corte do défice com crescimento.
Esta taxa de 'allotment' comparou com 2,327 pct num leilão de Outubro e com o anterior mínimo histórico 2,04 pct numa colocação em Fevereiro de 2015. A 'yield' a 10 anos mais baixa de sempre em mercado secundário foi 1,52 pct em Março de 2015.
O Governo prevê que a dívida pública desça para 123,5 pct do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, contra 126 pct no final de 2017, quando cairá quase quatro pontos percentuais face a 2016.
(Por Sérgio Gonçalves)