LISBOA, 22 Set (Reuters) - A Agência de notação Fitch alertou que a fraca qualidade dos activos dos bancos portugueses é uma grande fragilidade que deixa o sector vulnerável aos riscos que pairam sobre a recuperação económica do país.
"Um ambiente operacional fraco torna difícil para os bancos portugueses fortalecer o capital, apresentar lucros adequados e melhorar o capital através da retenção de resultados", afirmou a Fitch, numa nota.
"A qualidade dos activos é uma grande fragilidade para o sector bancário e, na nossa opinião, torna os bancos vulneráveis a riscos descendentes sobre a muito endividada economia portuguesa".
A agência de notação prevê que a economia cresça 1,2 pct em 2016 e 1,4 pct em 2017.
"A posição de capital do Millennium bcp BCP.LS está vulnerável e isto pesa no seu 'rating'. As discussões com a Fosun para injectar novo capital no banco poderão providenciar algum alívio", referiu a Fitch.
Acrescentou que o Santander Totta SAN.MC tem a melhor posição de capital, enquanto que a maioria dos outros bancos está sob pressão para melhorar a posição de capital.
A Caixa Geral de Depósitos e o BCP estão no processo de reforçar capital e o Montepio MPIO.LS está a executar um plano de desinvestimento.
"Uma melhoria material da qualidade dos activos vai depender em grande parte de desenvolvimentos económicos positivos em Portugal e de uma recuperação dos preços do imobiliário, nenhum dos quais parece promissor", vincou a Fitch.
O regulador português define 'crédito em risco' como as exposições a crédito vencido há 90 dias ou mais.
De acordo com os critérios do Banco de Portugal, a exposição a crédito em risco da banca ascendeu a 12,2 pct da exposição total a risco no final de Março de 2016, mas, segundo a definição mais exigente da European Banking Authority, a exposição dos seis maiores bancos chegou a 19 pct da exposição total, sublinhou a Fitch. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Patrícia Vicente Rua)