(acrescenta comentários operadores mercado, Ministro Finanças)
LISBOA, 12 Abr (Reuters) - Portugal colocou 1.250 milhões de euros (ME) de 'bonds' a 5 e a 8 anos, com as taxas a caírem face à última operação comparável e em linha com o mercado secundário, no primeiro leilão de longo prazo desde o anúncio que o país cortou o défice para 2,1 pct do PIB em 2016, muito abaixo da exigência de Bruxelas.
O montante indicativo era entre 1.000 e 1.250 ME.
O Tesouro colocou 625 ME a oito anos, com a taxa a fixar-se nos 3,303 pct, enquanto a cinco anos fez uma colocação de 625 ME a 2,174 pct.
Estas taxas comparam com uma colocação a 8 de Março, em que Portugal pagou a nove anos 3,95 pct e com outro em Fevereiro, em que o Tesouro colocou dívida a cinco anos, pagando 2,753 pct.
Na colocação de hoje a oito anos, a procura excedeu a oferta em 1,83 vezes e na emissão a cinco anos o rácio 'bid to cover' situou-se em 1,7 vezes.
A 'yield' das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a negociar nos 3,9 pct.
"Foi um bom leilão. Foi melhor que os últimos comparáveis. Apanhámos uma fase em que as obrigações na Europa, de uma forma geral, têm estado a subir, ou seja, com as 'yields' a cair e não havendo tensões nos países periféricos, este foi um bom momento para emitir", disse Ricardo Marques, trader de dívida da IMF-Informação Mercados Financeiros.
Hugo Pedro, 'portfolio manager' da InvestQuest explicou que:"a subida do risco geopolítico tem ajudado a dívida soberana em geral, vista globalmente como activo de refúgio, e também as últimas notícias sobre défice português podem ter ajudado um pouco esta operação".
A 24 de Março, foi conhecido que Portugal cortou o défice público para o nível mais baixo em 42 anos de Democracia em 2016, muito abaixo do que impunha Bruxelas, reforçando o argumento do Governo que o país sairá do Procedimento de Défices Excessivos. o Instituto Nacional de Estatística reviu em baixa o défice público de Portugal uma décima para 2 pct do Produto Interno Bruto em 2016, numa revisão extraordinário que determinou uma melhoria de 84,9 milhões de euros do saldo das Administrações Públicas. minha opinião é que a tendência do BCE será para o 'tapering' (diminuição de compra de activos sob programa de 'quantitative easing')", disse o 'portfolio manager', Hugo Pedro.
"Tal poderá ter algumas implicações de subida de taxas para o mercado em geral. A minha ideia geral é que as taxas podem subir ao longo de 2017 e estamos mais conservadores em termos de 'duration'".
BANCA ROBUSTA?
O Ministro das Finanças, Mário Centeno, numa audição no Parlamento afirmou que: "o facto de hoje nos termos financiado a custos menores do que da última vez que nos financiámos, também tem a ver com a ideia, hoje materialmente palpável, que o sistema financeiro é hoje mais robusto e está muito mais estável do que em Novembro de 2015".
Ontem, a Fitch disse que vê progressos no sector financeiro em Portugal, mas alertou que o soberano e os bancos estão expostos ao risco de custos adicionais no futuro. Esta agência de notação sublinhou ainda o nível ainda elevado de crédito malparado. Novo Banco ainda poderá criar algumas incertezas, mas é positivo ter havido um acordo. A voluntariedade na questão (da redução de senioridade) das obrigações é importante, mas cria incerteza porque aparentemente o negócio está dependente disso", disse Hugo Pedro, Portfolio Manager da InvestQuest em Lisboa.
A 31 de Março, o Fundo de Resolução acordou a venda de 75 pct do Novo Banco à Lone Star, que vai injectar 750 ME iniciais no capital deste 'good bank' e mais 250 ME no prazo de 3 anos, ficando o FR com os restantes 25 pct. L8N1HJ2VC
(Por Daniel Alvarenga, Sérgio Gonçalves e Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)