Por Sergio Goncalves
LISBOA, 18 Jun (Reuters) - O presidente Marcelo Rebelo de Sousa quer que Portugal mantenha a estabilidade política até ao final da legislatura no Outono de 2019 e espera que os partidos de esquerda que apoiam o Governo socialista aprovem o Orçamento de Estado (OE) de 2019.
Num discurso, reconheceu que a proximidade de duas eleições - Europeias na Primavera e Legislativas no Outono - é "naturalmente pontuada pelo confronto eleitoral, que já começou, e que, como aliás é uso, se poderá intensificar a partir de Setembro e, sobretudo, de Janeiro de 2019".
O partidos euro-cépticos Bloco de Esquerda e PCP-Partido Comunista Português têm aumentado a retórica contra a forte redução do défice que o Governo socialista tem levado a cabo e acusou-o de sub-financiar sectores públicos chave como a Saúde e a Educação, sinalizando que podem escalar o confronto e retirar o seu apoio ao OE 2019.
Mas, Marcelo Rebelo de Sousa espera que "esse confronto não crie factores também eles imprevisíveis ou mesmo inexequíveis para a trajectória orçamental em curso".
"O óbvio é que a actual fórmula governativa vote o Orçamento do Estado para 2019, assim mostrando que é capaz de durar uma Legislatura e de se constituir como uma das soluções alternativas sólidas para Portugal, e que até às eleições Europeias da Primavera e Legislativas do Outono haja estabilidade política", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
"O tempo que vivemos na Europa e no mundo exige cautela acrescida", alertou, referindo que quer "reduzir crispações, incutir confiança interna e externa e garantir estabilidade sempre, atenuando incertezas, ruídos ou nevoeiros que possam toldar a visão estratégica".
BOA EXECUÇÃO ORÇAMENTAL
Destacou que formula "um juízo claramente positivo quanto à execução orçamental do primeiro semestre, mas também um juízo bastante prudente e preocupado quanto ao contexto externo".
Em 2017, o défice português, retirando a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, fixou em 0,92 pct - o nível mais baixo em mais de 40 anos de democracia, pelo segundo ano seguido.
Para 2018, o Governo aponta para uma meta de 0,7 pct.
"Perante as incógnitas esboçadas no plano mundial e europeu, cuja solução não depende de nós - e os passos já dados são, como vos disse, preocupantes - acrescentar ruído ou crise ao que é largamente imprevisível é uma má ideia", referiu.
"Já nos bastam as dúvidas vindas da situação externa. Para quê criarmos cenários que as agravem desnecessariamente", perguntou o presidente da República.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)