Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 28 Set (Reuters) - O Ministro da Economia vê sinais de recuperação do ritmo de crescimento da economia de Portugal no terceiro trimestre de 2016, embora permaneça aquém do desejado, disse Manuel Caldeira Cabral, sublinhando que é natural o lançamento de investimento público demorar.
"Depois de quase um ano (2015) em que a taxa de crescimento do PIB esteve a desacelerar, tivemos no segundo trimestre uma melhoria do crescimento face ao primeiro trimestre que dá alguma esperança de aceleração", disse o Ministro da Economia, no Parlamento.
"Os dados do terceiro trimestre são também positivos, dando indicações de que poderá estar a haver um aumento do ritmo de crescimento, ainda um ritmo mais baixo do que desejaríamos".
O Governo prevê um crescimento económico de 1,8 pct este ano, face aos 1,5 pct de 2015, mas os analistas têm alertado que esta projecção é optimista. O FMI, por exemplo, projecta uma expansão de apenas 1 pct, seguida de uma ténue aceleração para 1,1 pct em 2017.
INVESTIMENTO PRODUTIVO?
"O investimento aumentou em todos os sectores excepto um: o sector das telecomunicações porque no ano passado houve a compra da PT pela Altice ATCA.AS , foi uma enorme entrada de dinheiro sim, mas foi entrada para a compra de activos já existentes, portanto não criou de imediato mais empregos, mais capacidade produtiva", afirmou Manuel Caldeira Cabral.
Portugal caiu oito lugares no índice de competitividade do Fórum Económico Mundial, e ocupa o quadragésimo-sexto posto entre 138 países, com a economia a receber pontuações fracas nas áreas do ambiente macroeconómico e desenvolvimento dos mercados financeiros. dados hoje publicados do relatório de competitividade do FEM são dados que nos preocupam a todos, obviamente, mas a serem uma crítica a alguém seriam crítica aos últimos anos. Os dados utilizados são de 2014 e 2015", disse o Ministro da Economia.
Acrescentou que o investimento estrangeiro produtivo cresceu. "Se compararmos o primeiro semestre de 2015 e o primeiro de 2016, o que temos é um aumento de 70 pct do investimento na indústria transformadora e aumentou 60 pct no imobiliário", vincou.
"Este primeiro semestre houve vários projectos concretos como os da Continental, o da Bosch, ou como o investimento anunciado ainda ontem pela Renault de 150 ME".
Manuel Caldeira Cabral reconheceu que o investimento público baixou. "Lançar investimento público demora tempo", disse.
"Vou dar um exemplo de investimento público que vamos lançar: 100 ME de linhas de investimento para eficiência energética com base em fundos do PO SEUR-Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos".
Explicou que estes fundos estavam bloqueados porque faltava a transposição de uma directiva europeia para a lei nacional.
"É investimento que vai gerar emprego e ter efeitos multiplicadores, baixando a despesa pela eficiência energética. É assim que se relança a economia". (Editado por Sérgio Gonçalves)