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Por Sergio Goncalves
LISBOA, 30 Mai (Reuters) - Portugal colocou a primeira emissão de Panda bonds de um país da zona euro, emitindo 2.000 reminbis ou 260 milhões de euros (ME) a 3 anos, fixando um cupão de 4,09%, com uma procura que superou a oferta em mais de 3 vezes, anunciou o IGCP.
Adiantou que as ordens excederam a oferta em 3,165 vezes, permitindo apertar a taxa marginal de 4,35% para 4,09% e precificar perto do limite mais baixo do intervalo inicial e 74 basis points (bps) sobre o equivalente do China Development Bank(CDB).
"A forte procura dos investidores foi refletida nos grandes pedidos feitos no leilão pelo grupo vendedor (...) Isto marca a primeira emissão de Panda por um soberano da zona euro e apenas o terceiro Soberano europeu para acessar o mercado onshore na China", disse o IGCP.
Adiantou que, "com esta transacção bem sucedida, Portugal acedeu ao terceiro maior mercado de obrigações do mundo para diversificar ainda mais sua base de investidores", adiantou.
Na semana passada, o ministro das Finanças Mário Centeno disse à Reuters que o interesse por este mercado tem a ver com a sua "dimensão e liquidez e para Portugal permite uma diversificação de mercados de financiamento".
Lembrou que "a gestão de dívida pública tem dois eixos muito importantes: a manutenção de maturidades médias estáveis, e têm vindo a aumentar muito ligeiramente nos últimos anos; e aproveitar a fase de taxas de juro baixas para colocar a dívida portuguesa ao longo da curva de maturidade de forma adequada".
Mário Centeno referiu então: "agora que temos a porta aberta, este mercado importante vai, no futuro, ser olhado para fazer esta gestão da dívida pública".
No mercado secundário de dívida emitida em euros a cinco PT5YT=TWEB e dois anos PT2YT=TWEB , as 'yields' que reflectem o prémio de risco soberano de Portugal seguem, respectivamente, nos -0,03 e -0,39 pct.
Portugal, com um história de vários séculos de relações com a China, através de Macau, tem estreitado os laços não só a nível político, mas também empresarial.
Portugal tornou-se um dos principais destinos europeus para os investimentos da China durante o resgate internacional entre 2011 e 2014, com grandes empresas chinesas a comprarem posições importantes nos maiores grupos nacionais.
No final de 2011, quando Portugal agonizava num severo resgate financeiro, a CTG adquiriu 21 pct na EDP (SA:ENBR3) e tem agora 23 pct. No início de 2012, a State Grid da China comprou 25 pct da REN (LS:RENE) RENE.LS, em 2014, a Fosun comprou a maior empresa de seguros de Portugal, a Fidelidade, e usou-a para comprar a Luz Saude no mesmo ano.
Em 2016, a Fosun adquiriu 16,7 pct no maior banco cotado português, Millennium bcp BCP.LS , e desde então aumentou a sua posição para mais de 27 pct. (Por Sérgio Gonçalves, Editado por Catarina Demony)