LISBOA, 31 Mai (Reuters) - A actual turbulência política em Itália mostra que a Europa precisa de um mecanismo que evite crises que, resultando de factores nacionais, contagiem todo bloco, disse o primeiro ministro português, António Costa.
Falando, tendo a seu lado a chanceler alemã Angela Merkel, o primeiro ministro português referiu que a situação de Itália "é a "boa demonstração que, por um lado, quando a Europa não responde atempadamente aos factores de crise, gera fenómenos que não são desejáveis de populismo, radicalismo e nacionalismo".
Frisou que a "a Europa deve responder depressa de forma a evitar e prevenir situações dessa natureza".
"Em segundo lugar, infelizmente tem demonstrado que todos somos indirectamente atingidos sempre que, em cada um dos nossos países, há um problema específico", referiu António Costa.
"Portanto, isso exige e reforça a necessidade de termos, de facto, mecanismos de estabilização que evitem e previnem qualquer crise resultante de factores políticos nacionais", adiantou.
A Itália espera esta quinta-feira uma decisão do líder de direita, Matteo Salvini, sobre se vai se juntar a uma última tentativa de formar um governo e evitar eleições antecipadas que vão centrar-se na adesão à Zona Euro.
Salvini, lider da Liga, disse que vai considerar "seriamente" a oferta da quarta-feira do líder de 5-Estrelas, Luigi Di Maio, para ressuscitar a sua tentativa de governar juntos.
O primeiro esforço das duas maiores forças 'anti-establishment' foi torpedeado no domingo, quando o presidente Sergio Mattarella rejeitou o seu candidato a ministro da Economia, Paolo Savona, de 81 anos, que se tem manifestado vigorosamente contra a moeda única.
Os custos dos empréstimos da Itália caíram acentuadamente pelo segundo dia esta quinta-feira, com as notícias de que um dos maiores investidores institucionais do Japão quer comprar dívida de curto prazo italiana a ajuadarem a estabilizar um mercado atingido por uma crise política em Roma.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Axel Bugge)